Conselho Nacional debateu documento que apresenta um «quadro de referência» e ouviu «sonhos e visões» dos jovens para a Igreja Católica
Braga, 24 mai 2025 (Ecclesia) – O padre Rui Alberto apresentou no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil um “quadro de referência” para a Pastoral Juvenil em Portugal, referindo que “tem de ser muito mais diversificada”, para “todos os jovens” e “os jovens todos”.
“A Pastoral Juvenil tem que ser muito mais diversificada para encontrar os jovens onde eles estão”, afirmou sacerdote salesiano, especialista em Pastoral Juvenil, que elaborou a primeira redação do documento sobre o “quadro de referência”, o “território comum” para a presença da Igreja junto dos jovens, que agora está em análise, a nível nacional e local.
O padre Rui Alberto referiu que alguns jovens “estão muito perto da Igreja”, outros “estão muito longe”, e cada jovem está “em sítios muito diferentes” em termos “do seu desenvolvimento pessoal, da sua situação económica, cultural, da sua experiência religiosa”.
Para além de estar em curso um plano para todos os jovens, o documento também quer considerar os “jovens todos”, ou seja ser uma “proposta eclesial que toca o todo de cada jovem”.
“Nós, em Pastoral Juvenil, porque temos a ver com o Reino Deus, com a transformação da realidade, temos um projeto que deve tocar tudo que é a realidade dos jovens: as escolas onde andam, os seus consumos, as crises que tenham, o papel da internet, da cultura, a questão da paz que está em crise”, apontou.

O documento apresenta “um quadro de referência para a Pastoral Juvenil em Portugal”, retomando a ideia de “agência dos jovens”, onde não sejam “vistos como destinatários passivos da Pastoral Juvenil”.
Para o padre Rui Alberto, o processo em curso é “uma originalidade” que a Conferência Episcopal Portuguesa decidiu levar por diante e, a partir de um “esboço do documento”, lançou um “processo alargado de participação, de crítica, de construção de contributos”.
“Este ano, estamos nesse processo e, em eventos como este e outros que acontecem localmente, as pessoas vão levantando as suas questões, as suas críticas, as suas alterativas; o Departamento Nacional Pastoral Juvenil compila tudo isso e depois será apresentado formalmente uma versão melhorada e enriquecida e, em princípio, na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal de abril de 2026, o documento será aprovado e será proposto para a Igreja que caminha em Portugal”, afirmou.
Para sacerdote salesiano, em causa está a possibilidade de encontrar referências comuns para a realidade portuguesa e, a partir de acontecimentos principais como o Sínodo dos Jovens, em 2018, a Jornada Mundial da Juventude, em 2023, identificar os “vetores essenciais”, o “território comum” onde pode acontecer a Pastoral Juvenil.
Para além de apresentar o documento com o “quadro de referência” para a Pastoral Juvenil em Portugal, o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil, que decorreu em torno do tema “Há todo um mar de desafios”, promoveu o diálogo entre 36 jovens de todo o país que, no fim da reunião, apresentaram no conselho as propostas para diferentes áreas da presença dos jovens na Igreja, nomeadamente “sonhos e visões para a Igreja”, a “comunicação e presença digital”, os “espaços físicos de encontro, pertença e criatividade”, e o “lugar dos jovens na vida e missão da Igreja”.
Todos vão ouvir a nossa voz Paralelamente ao Conselho Nacional de Pastoral Juvenil, mais de três de dezenas de jovens com idades entre os 18 e os 28 anos participaram no encontro “todos vão ouvir a nossa voz” para dialogar, discernir e propor ações a todo o conselho, no final dos trabalhos. Gabriel Santiago, da Diocese de Aveiro, apresentou no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil “sonhos e visões” dos jovens para a Igreja Católica, lembrando que há “dois grupos de jovens”: os que em agosto de 2023 encheram o parque Tejo, na Jornada Mundial da Juventude, e “os jovens que neste momento estão afastados da Igreja e não se conseguem rever na Igreja atual”. A discussão entre os jovens levou à apresentação de “uma Igreja acolhedora, que dê valor aos jovens, que lhes atribua a confiança que precisam nesta fase da vida, que lhes dê responsabilidade em órgãos decisores”. Confiança, empatia e responsabilidade são atitudes propostas para a Igreja Católica no seu relacionamento com os jovens A respeito da comunicação, Mariana Dores, da Diocese de Beja, lembrou que a Igreja em Portugal “tem propostas muito boas”, mas “falta um sítio onde esteja tudo unido”. O diálogo entre os jovens valorizou os projetos que resultam do seu trabalho, “com muitas competências artísticas, com muitas ideias”, afirmando a necessidade de um portal nacional onde seja possível consultar horários de “todas as eucaristias, os grupos de jovens que existem” e até os “campos de férias e datas a nível nacional”, assim como indicação de locais com propostas de conteúdos para rezar. Jacinta Meira, da Diocese de Viana do Castelo, apresentou no conselho propostas de espaços físicos na Igreja Católica que promovam o encontro, a pertença e a criatividade, notando que os jovens que não têm ligações a grupos ou movimentos sentem necessidade desses ambientes para “partilhar as suas questões de vida, os questionamento da fé”. “Todos conseguimos apontar um sítio que a diocese tem e que não está a ser tão bem aproveitados e que pode ser utilizado para esta finalidade”, afirmou Jacinta Meira, referindo-se às intervenções dos jovens de várias proveniências que participaram neste grupo de diálogo, que sugeriu também a promoção de formas de vida “mais ecuménicas”, valorizando nomeadamente a possível partilha de jovens imigrantes. Miguel Cascalheira, da Diocese de Beja, referiu-se ao “lugar dos jovens na vida e missão da Igreja”, denunciando projetos que convocam os jovens apenas para fazer tarefas. “Queremos ser os jovens que trilham um caminho e que não são o futuro, mas começam já a construir o futuro”, afirmou, apontando para a necessidade de “formação e escuta” dos jovens, num exercício de sinodalidade, nomeadamente sobre temas que ajudem os jovens a se sentirem “confiantes para construir o futuro”. |
CB/PR