Coordenador-geral do Serviço Diocesano da Juventude de Coimbra admite desafio de adaptar «linguagens» e de falar a «todos», como pede o Papa
Coimbra, 28 jul 2024 (Ecclesia) – O coordenador-geral do Serviço Diocesano da Juventude de Coimbra, Hugo Monteiro, afirmou que a Igreja Católica precisa de um “salto significativo” na relação com os jovens, para os “acolher” nos seus desafios.
“Onde chegar, o jovem precisa que a Igreja já lá esteja, seja nas redes sociais, seja na escola, seja na Universidade, que seja acolhido, que a Igreja saiba acolher”, refere, em entrevista conjunta à Agência ECCLESIA e Renascença, emitida este domingo
“A Igreja tem de dar um salto significativo nesta aproximação à juventude, senão andamos sempre a falar do mesmo”, acrescenta.
O responsável, que liderou o Comité Organizador de Coimbra (COD) na preparação da JMJ 2023, sustenta que é necessário valorizar as novas gerações, “integrando a juventude nas próprias ações” das comunidades católicas.
“É importante darmos voz, mas respostas também, não é só ouvi-los e ficar na gaveta”, insiste.
O coordenador-geral do Serviço Diocesano da Juventude de Coimbra fala numa “crise de líderes de jovens em Portugal”, que se estende à Igreja.
“Temos de ouvir os jovens, temos de lhes dar espaço”, indica.
Hugo Monteiro assume que o convite a acolher “todos, todos, todos”, deixado pelo Papa na JMJ Lisboa 2023, “é uma grande responsabilidade”.
“Ir ao encontro, abrir as portas, dar espaço, é muito difícil”, reconhece, falando numa Igreja ainda “muito fechada, muito conservadora nalguns pormenores”.
O entrevistado admite que houve um “resfriar” do entusiasmo gerado na preparação e celebração da Jornada Mundial da Juventude, que Portugal recebeu pela primeira vez, desejando que se caminhe para uma “pastoral juvenil, forte, com presença de juventude e com voz da juventude”.
“Deveria haver uma linguagem única, de entusiasmo a nível nacional, bem trabalhada. Algo que aconteceu muito na Jornada e algo que não sei se agora está a acontecer também”, aponta.
Recordando o encontro de Lisboa, em agosto de 2023, como “um grande evento”, Hugo Monteiro defende a necessidade de “cativar a juventude”, com propostas capazes de “mobilizar” as novas gerações.
“Isto é uma responsabilidade muito grande da Igreja portuguesa”, sustenta.
Realçando a “grande riqueza” que representa o Ensino Superior em Coimbra, o coordenador-geral do Serviço Diocesano da Juventude assinala, no entanto, que “há uma grande dificuldade, principalmente por causa da linguagem”.
“Os jovens, de ano para ano, têm linguagens diferentes e nós temos de ter um cuidado enorme”, explica.
O responsável aponta ao Ano Santo de 2025, cujo programa inclui um encontro de jovens de todo o mundo com o Papa, para sublinhar que “um Jubileu é uma oportunidade única”.
“Temos de fazer muito mais. E também temos de ser muito mais profissionais, não podemos ser tão voluntários no que acontece”, conclui.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)