Em audiência no Jubileu das comunidades Ciganas, Sinti e Caminanti, o Papa pediu que «cada diocese desenvolva uma atenção pastoral adequada dedicada às comunidades»




Cidade do Vaticano, 18 out 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV pediu aos participantes no Jubileu dos Ciganos, Sinti e Caminanti para serem protagonistas da “mudança de época em curso”, “superando a desconfiança mútua” e dando a conhecer a “beleza da cultura”.
“Sejam protagonistas da mudança de época em curso, caminhando juntos com outras pessoas de boa vontade dos lugares onde se encontram, superando a desconfiança mútua, dando a conhecer a beleza da vossa cultura, partilhando a fé, a oração e o pão fruto do trabalho honesto”, afirmou Leão XIV durante a audiência desta manhã, no Vaticano.
O Papa afirmou a necessidade de cada diocese ter uma “atenção pastoral adequada” a esta comunidade.
“Desejo que cada diocese desenvolva uma atenção pastoral adequada dedicada às comunidades ciganas, sintis e caminantes, para um verdadeiro desenvolvimento humano integral”, pediu.
No encontro que levou à celebração do Jubileu diversas comunidades, onde Portugal está representado, o Papa deu conta de uma “verdadeira missão” a ser desenvolvida na Igreja: “A dignidade do trabalho e a dignidade da oração sejam a vossa força para quebrar as barreiras da desconfiança e do medo”.
Leão XIV lembrou que as sociedades consideradas “avançadas” colocaram as comunidades ciganas “sempre à margem” e que esta construiu modelos de desenvolvimento que se revelaram “injustos e insustentáveis”.
“As sociedades ditas «avançadas» descartaram-vos sistematicamente, colocando-vos sempre à margem: à margem das cidades, à margem dos direitos, à margem da educação e da cultura. No entanto, justamente o modelo de sociedade que vos marginalizou e tornou itinerantes sem paz e sem acolhimento — primeiro nas caravanas sazonais, depois nos acampamentos situados nas periferias das cidades, onde às vezes ainda vivem sem eletricidade e água — é o que criou, no último século, as maiores injustiças sociais a nível global: enormes desigualdades económicas entre pessoas e povos, crises financeiras sem precedentes, desastres ambientais, guerras”, refletiu.
O Papa afirmou que a presença das comunidades dos ciganos, Sinti e Caminanti nas “periferias do Ocidente” são “sinal a que se deve recorrer para eliminar muitas estruturas de pecado, para o bem e o progresso da humanidade rumo a uma convivência mais pacífica e mais justa, em harmonia com Deus, com o criador e com os outros”.
A celebração do Jubileu das Comunidades Ciganas, Sinti e Caminanti acontece 60 anos após o encontro de Paulo VI, a 26 de setembro de 1965, em Pomezia, facto recordado por Leão XIV e pela presença da estátua da Virgem Maria, que Paulo VI coroou como «Rainha dos Roma, Sinti e Caminanti».
“Nestes sessenta anos, os encontros com os meus predecessores sucederam-se cada vez com mais frequência, em diferentes contextos, sinal de um diálogo vivo e de um cuidado pastoral especial por vós”, assinalou.
O papa Leão XIV fez ainda referencia ao V Congresso Mundial da Pastoral para os Ciganos, que aconteceu em Budapeste, Hungria, em 2003, relembrando os objetivos a perseguir relativos à “educação e à formação profissional, à atenção pastoral à família e à comunidade, à inculturação da liturgia e da catequese – incluindo a questão linguística – e ao diálogo ecuménico e inter-religioso no mundo dos ciganos, sintis e caminantes”.
O Jubileu dos Ciganos e Povos Itinerantes tem como tema ‘A esperança é itinerante, meu pai e minha mãe eram arameus errantes’ e levou a Roma cerca de quatro mil participantes.
LS