Hélder Afonso assinala desejo de trazer «esperança» a esta minoria e envolvê-la no seio da Igreja
Fátima, 02 mar 2024 (Ecclesia) – O diretor nacional da Pastoral dos Ciganos disse hoje que quer criar em cada diocese um setor dedicado à comunidade, com o objetivo de aumentar a proximidade a esta minoria.
“Quero também, num curto espaço de tempo, visitar todas as dioceses, estar com todos os responsáveis, com todos os bispos, para perceber e sentir em cada diocese aquilo que está a ser feito, aquilo que poderá ser feito de uma forma diferente, aquilo que poderá ser melhorado e se não têm nenhum setor ligado aos ciganos, tentar que seja possível implementar em cada diocese esse secretariado ou essa valência”, afirmou Hélder Afonso, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O responsável esteve no Seminário da Consolata, em Fátima, onde foi apresentada a nova equipa da Pastoral dos Ciganos, da qual foi nomeado líder em novembro de 2023 pela Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Além da apresentação da equipa e das linhas gerais de atuação, os responsáveis abordaram os desafios, propostas e respostas pastorais.
Hélder Afonso considera que é necessário envolver a comunidade cigana no seio da Igreja: “Nós temos ciganos católicos, temos ciganos também evangélicos, mas aqui a Igreja tem que fazer esse caminho de se aproximar deles, tem que se abeirar deles, para fazermos caminho juntos”.
O diretor nacional da Pastoral dos Ciganos assume o objetivo de levar “grande esperança a esta comunidade”, indicando que, nesse sentido, foram apresentados no encontro três eixos sobre os quais a equipa nacional pretende incidir a sua ação: saúde, habitação e educação.
“Queremos que a comunidade cigana seja bem acompanhada e que continue acompanhada na área da saúde”, indica, nomeando a assistência na gravidez e a vacinação obrigatória das crianças como exemplos; a realização de campanhas de sensibilização de saúde pública é outro dos objetivos.
A educação é, segundo Hélder Afonso, outro dos pilares em que a equipa nacional pretende trabalhar, bem como a habitação.
“Queremos participar na parte da Estratégia Nacional da Habitação. Queremos também que seja uma comunidade que tenha e que consiga ter casas dignas, porque às vezes fala-se muito naquilo que é o serem nómadas, mas muitas vezes os ciganos são nómadas porque são forçados a isso […], porque as pessoas não os querem perto delas”, destaca.
No encontro também esteve presente D. Joaquim Mendes, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, que defende que “são precisos gestos concretos” e “sensibilizar as comunidades cristãs” para não deixar a comunidade cigana à margem. “Os ciganos nutrem um grande amor pela família, ajudá-los a olhar a Igreja através desta experiência – Igreja família das famílias para os que não têm família. Fazê-los sentir que a Igreja é família, a sua casa, acolhendo, não afastando, excluindo”, enfatizou. Mais do que assistencialismo, o bispo ressalta a importância de “realizar uma pastoral de proximidade e acompanhamento pessoal”. “A Pastoral dos Ciganos, presos, emigrantes e refugiados – dos últimos – é uma pastoral profética, porque semeia a fraternidade e paz. E, por isso, tem como contraponto não só a fadiga, mas, por vezes, a incompreensão e ingratidão, porventura mesmo da Igreja”, apontou. |
LFS/LJ
Igreja: Família, juventude, património e pastoral dos ciganos com novos responsáveis nacionais