Pastoral da saúde em mudança

Relação entre estabelecimentos hospitalares e paróquias foi um dos pontos centrais das Jornadas Diocesanas em Lisboa A presença da Igreja no universo da saúde alterou-se. A mudança é constatada pelo Pe. Feytor Pinto, Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde. Passou-se de uma pastoral de doentes para uma pastoral de saúde, encarada outrora como a necessária assistência ao doente apenas quando este se encontra débil. Actualmente a Pastoral da Saúde ganha uma perspectiva de continuidade integrada. Esta nova pastoral pressupõe “uma educação para a saúde”, frisa o Coordenador nacional. A relação entre os estabelecimentos hospitalares e as paróquias foi um dos pontos centrais das XIII Jornadas Diocesanas da Pastoral da Saúde, que decorreram este fim de semana, em Lisboa. “A Igreja quer educar para a saúde e não apenas cuidar espiritualmente dos doentes”. Esta condição pede uma presença e educação específica junto dos adolescentes e casais jovens, a realizar nas comunidades paroquiais, aponta o Pe. Feytor Pinto. A assistência a todos os doentes é outra preocupação. “Sobretudo privilegiando o cuidado com os doentes em fase terminal”. A realidade aponta que os doentes estão cada vez menos tempo nos hospitais, logo devem ser assistidos em casa. “A assistência espiritual ao domicilio é da responsabilidade da comunidade paroquial”, aponta, a paróquia não pode “prescindir de uma atenção ao doente quando este tem alta”. Para que isto aconteça, deve haver uma relação estreita entre a paróquia e a capelania hospitalar. Mas esta relação tem de se estender também aos centros de saúde, onde em muitas ocasiões o doente se desloca acompanhado de um voluntário. O apoio espiritual ao doente não é exclusivo dos sacerdotes, mas engloba agentes pastorais – ministros da comunhão, voluntários, leigos preparados para assistir socialmente. Uma relação que o Pe. Feytor Pinto afirma ser possível, inclusivamente com grandes hospitais, como é o caso do Hospital de Santa Maria, em Lisboa ou com o Hospital de São João, no Porto. O Pe. Feytor Pinto, também pároco do Campo Grande, em Lisboa, adianta que o Hospital de Santa Maria conhece já o trabalho desenvolvido na sua comunidade. Os voluntários são conhecidos o que facilita um trabalho em rede e de proximidade. Actualmente “é normal falar-se em voluntariado de proximidade” sendo este o caminho essencial para aproximar as paróquias dos estabelecimentos hospitalares. Na paróquia do Campo Grande existem cerca de 230 voluntários na área social. Mas o voluntariado requer preparação e formação. Nas XIII Jornadas Diocesanas da Pastoral da Saúde estiveram presentes todas as capelanias do Patriarcado de Lisboa e representadas cerca de 20 paróquias que estão já organizadas em Pastoral da Saúde. Das conclusões das Jornadas, o Pe. Feytor Pinto destaca a necessária preparação para trabalhar conjuntamente. Os cristãos devem ser educados para pedir a assistência nos hospitais. “Devem ser eles a tomar a iniciativa e a pedir. Isto é de lei”. O Pe. Feytor Pinto sublinha que as capelanias hospitalares são “imprescindíveis para se relacionarem com as paróquias”, numa assistência que se desenvolve quando o doente está no hospital e se estende quando tem alta. “Nos meios pequenos é ainda mais fácil desenvolver”, aponta. Os sacramentos enquanto passos terapêuticos devem ser redescobertos. “A oração é também essencial para a cura”. A pastoral da saúde quer valorizar a pessoa do doente. “Não se trata de defender a Igreja católica, mas antes a pessoa do doente, que tem esse direito e está consagrado pelo Ministério da Saúde”. Este trabalho integral “não se resume à capelania, mas envolve toda a estrutura hospitalar”, sublinha o Pe. Feytor Pinto. Os doentes e as paróquias devem pedir a colaboração das capelanias hospitalares, “essencial a um trabalho integral e a uma terapêutica espiritual, efectivando o artigo 17 da Concordata, que aponta “deve ser levado à prática”.

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Agência ECCLESIA

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