Monsenhor José Reis Ribeiro, antigo colaborador e membro do Conselho de Programas da Rádio Renascença
Natural de uma paróquia rural, Alvarães no município de Viana do Castelo, onde as ondas da Rádio, e muito menos televisão, não faziam parte da vida familiar na grande maioria das famílias, o meu encontro com a Rádio Renascença como ouvinte surge no Seminário, e mais tarde no ministério sacerdotal com uma breve passagem no Colégio diocesano de Monção.
Enviado, após dois anos, para Lisboa como Assistente Nacional da Acção Católica nos Movimentos dos Diplomados Católicos, foi-se verificando uma progressiva descoberta e aproximação de uma Emissora Católica de grande nível de informação e de crescente fidelidade aos valores e propostas cristãs.
A sintonia com a Renascença, especialmente com os espaços informativos gerais e programação religiosa foi-se acentuando, tendo inclusivamente algumas intervenções pontuais solicitadas pelo colega e amigo Pe. Rego.
A partir de 1972, foi-me concedida a demissão de Assistente Nacional da LUC e Associações Profissionais (Médicos, Farmacêuticos, Engenheiros, Economistas e Professores), passando a trabalhar diretamente na Igreja do Patriarcado na área da Comunicação Social e Relações Públicas, onde o Movimento do 25 de Abril me veio encontrar e, em termos de Igreja, levantar desafios de enorme atualidade, nomeadamente no diálogo com jornalistas estrangeiros que se deslocavam ao nosso País, e depois com os portugueses.
De passagem, não sou capaz de silenciar o esforço do Pe. Rego na defesa e tentativa de manter a Renascença fiel à Igreja e a injustiça em que foi envolvido na opinião pública da Igreja.
Devolvida à Igreja, a Renascença levantou um grande desafio para uma Sociedade muito mais aberta e interpelante de valores humanos e novas perspetivas cristãs. Foi-me pedida a colaboração da Rádio Renascença como colaborador, de forma especial no Conselho de Programas.
Relativamente consciente da realidade de um mundo em profunda mutação cultural e religiosa e da realidade e desafios à Igreja na sua inovadora missão de diálogo e evangelização, aceitei a tarefa que procurei desenvolver em fidelidade referência e diálogo constante com o Patriarca D. António Ribeiro e com D. António Marcelino, Presidente da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais e ouvindo e pedindo esclarecimentos a jornalistas e membros do Laicado.
Preocupava-me e orientava-me a promoção e testemunho de uma Igreja mais conciliar, mais Povo de Deus caminhando na comunhão da liberdade na justiça e na verdade, anunciando e propondo um Evangelho mais atento às pessoas e comunidades e movimentos cristãos.
No diálogo a nível do Conselho de Programas fui lançando iniciativas, perdurando ainda algumas mais atualizadas. Enumero a Nota de Abertura, diariamente nos jornais informativos mais fortes, o programa Igreja em Notícia, a proposta de Oração na manhã arrancando ou não de um acontecimento do dia, programas de profunda informação e reflexão cristã sobre os grandes acontecimentos da salvação, nomeadamente Natal e Páscoa despertando para autenticidade original e libertação de tradições rotineiras. Inclusivamente a proposta de um espaço musical entre as 23 horas e a meia-noite com uma música repousante e portadora de rápidas mensagens. Igualmente levantei a importância de leituras críticas sobre as Telenovelas discernindo valores e denunciando ilusões.
Dimensão sempre presente nas minhas intervenções era que a Renascença concorresse ao melhor nível de informação e programação, se tornasse comunicadora da vida da Igreja nos seus movimentos e paróquias e vigararias ou arciprestados e não se limitasse a atividades e mensagens Episcopais. Nesse horizonte acompanhei com aplauso e alegria o esforço para a construção dos novos Emissores mais próximos das Comunidades.
Tenho a consciência de que foi muito pouco, mas dei-o com a maior alegria e esforço ciente de que procurei dar o melhor para a Igreja, para Deus e para a Comunidade Humana.
Monsenhor José Reis Ribeiro, antigo colaborador e membro do Conselho de Programas da Rádio Renascença