Páscoa: Tradições religiosas são essenciais para a «integração e coesão» das comunidades emigrantes

Diretor da Obra Católica Portuguesa das Migrações descreve a vivência espiritual na diáspora onde anuncia «Cristo ressuscitado»

Lisboa, 27 mar 2013 (Ecclesia) – O diretor da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) diz que a Páscoa e as restantes festas religiosas católicas são essenciais para a “integração e coesão” das comunidades lusitanas que vivem e trabalham fora do país.

Em declarações ao Programa ECCLESIA, frei Francisco Sales sublinha que, apesar de deslocados da sua terra e do seu ambiente natural, os emigrantes “levam” consigo “as suas tradições” e exprimem a sua espiritualidade com a mesma intensidade de sempre.

Habituado a “anunciar Cristo ressuscitado” aos portugueses da diáspora, o sacerdote franciscano destaca o que acontece no Canadá, onde “a maioria” dos emigrantes “são oriundos da Ilha de S. Miguel”, nos Açores.

Ao mesmo tempo que mantiveram a “vivência” pascal caraterística do Arquipélago, através das “romarias” ou do “Lausperene” [tempo de oração e adoração eucarística], aquelas pessoas conseguiram estender a sua religiosidade a “outras comunidades” lusas radicadas no território.

No Canadá há “muita gente oriunda de Aveiro” e “muitos deles aderiram e fazem a romaria” com os açorianos, conta o frei Francisco Sales, que considera “interessante” a forma como “experiências religiosas” diversas e distantes ganham novo “significado” num contexto de migração.

Durante a entrevista, que poderá ser acompanhada na próxima quarta-feira, às 22h45, na Antena 1, o religioso de 49 anos partilha também um pouco da sua experiência de Páscoa na paróquia açoriana de Agualva, na Ilha Terceira, onde nasceu.

“Quando era criança”, o ponto alto deste tempo litúrgico era “a visita pascal” em que o sacerdote seguia de casa em casa e saudava as famílias, deixando-lhes a paz de Cristo Ressuscitado.

Este era um momento de “grande expetativa” e “alegria”, salienta o diretor da OCPM, que se recorda de ir com o seu pai e os seus irmãos, “mesmo os mais pequenos, buscar flores e outras verduras para enfeitar a entrada da casa”.

“Infelizmente foi algo que se perdeu completamente nos Açores, hoje já não se encontram resquícios disso”, lamenta frei Sales.

Apesar de “muito marcada pela espiritualidade da Semana Santa, das procissões de Passos e pela penitência, porque foi evangelizada essencialmente por franciscanos”, a experiência pascal da comunidade católica açoriana inclui também tradições mais sociais e culturais, como “o jogo da bela” e a “dança da espada”.

Segundo o sacerdote franciscano, o jogo começava “quase um mês antes da Páscoa, às vezes até mais”, era jogado aos pares e “a primeira pessoa que visse o outro em cada dia tinha que lhe dizer bela”.

“Depois ia-se fazendo a contabilidade e aquele que perdesse tinha de pagar ao outro com amêndoas”, explica o frei Francisco Sales, confidenciando que o jogo “era também muito usado entre os namorados”.

“Às vezes quando um rapaz gostava de uma rapariga e não namorava, tentava jogar à bela com ela e vice-versa”, recorda.

Quanto à “dança da espada”, o responsável católico aponta que ela resistiu no tempo como “uma forma antiga de catequização e transmissão de valores e costumes”, pois permite à população, através do teatro e do drama, refletir sobre “temas da história” e da Igreja Católica em particular.   

LS/JCP

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Agência ECCLESIA

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