Numa homilia improvisada, Francisco recordou conversa com jovem doente
Cidade do Vaticano, 16 abr 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco presidiu hoje na Praça de São Pedro à Missa do Domingo de Páscoa, no Vaticano, na qual apresentou a ressurreição de Jesus como "sentido" para a vida.
"Isto não é uma fantasia, a ressurreição de Cristo não é uma festa de muitas flores, isso é bonito, mas é mais. É o mistério da pedra rejeitada, que acaba por ser o fundamento da nossa existência. Cristo ressuscitou!", sustentou, numa homilia improvisada.
"Nesta cultura do descarte, onde aquilo que não serve segue o caminho do usa e deita fora, onde aquilo que não serve é descartado, aquela pedra rejeitada é fonte de vida", acrescentou.
Francisco pediu que cada um esteja disposto a levar a sua cruz, porque ela abre um horizonte novo, o da ressurreição, com a visão da "pedra que a maldade do pecado descartou", Jesus.
"Também nós, pequenos seixos por terra, nesta terra de dores, de tragédias, com a fé no Cristo ressuscitado, encontramos um sentido, no meio de tanta calamidade, o sentido de olhar para mais longe", declarou.
A intervenção evocou as "desgraças, doenças, tráfico de pessoas, comércio humano, guerras, destruições, mutilações" que atingem a humanidade.
"O que é que a Igreja nos diz hoje, diante de tantas tragédias? Simplesmente isto, a pedra rejeitada não é descartada, os pequenos seixos que acreditam e se confiam nessa pedra não são descartados, encontram um sentido", respondeu o Papa.
Francisco relatou que este sábado telefonou a um jovem com "uma doença grave".
"Falando, para dar um sinal de fé – um rapaz culto, um engenheiro – disse-lhe: Não há explicações para o que se passa contigo, olha para Jesus na cruz, Deus fez isto com o seu filho. Não há outra explicação", explicou.
O jovem respondeu que a ele ninguém lhe perguntou se queria esta doença.
"Isto comove-nos", confessou o Papa.
Francisco convidou todos a regressar a casa com a certeza da ressurreição de Jesus.
"Pensemos um pouco, cada um de nós, nos problemas diários, nas doenças que vivemos ou que algum dos nossos familiares tem, nas guerras, nas tragédias humanas, e simplesmente, com voz humilde, sem flores, a sós, diante de Deus, diante de Deus: Não sei como é que isto vai acabar, mas tenho a certeza de que Cristo ressuscitou", apelou.
A celebração iniciou-se, como é tradição desde 2000, com o rito do ‘resurrexit’ (ressuscitou), que prevê a abertura dos painéis laterais do ícone do Santíssimo Salvador, ao canto do “Aleluia”.
Este rito, perdido durante vários séculos, era realizado antigamente na Basílica de São João de Latrão, em Roma, da qual o Papa partia em procissão para a Basílica de Santa Maria Maior, onde celebrava a Missa.
A Praça de São Pedro foi adornada com 35 mil flores e plantas procedentes, pelo 30.º ano consecutivo, da Holanda.
Após o Evangelho – em latim e grego – foi proclamado o canto pascal dos ‘Stichi e Stichirà’ da liturgia bizantina para recordar que este ano os cristãos do Ocidente e do Oriente celebram a Páscoa no mesmo dia.
Após a Missa, o Papa saudou a multidão, a bordo do papamóvel descoberto, que passou na Praça de São Pedro e na grande avenida que liga o Vaticano à cidade de Roma.
Francisco deslocou-se depois para a varanda central da Basílica de São Pedro, para a bênção à cidade de Roma e ao mundo, a mensagem e as saudações pascais.
A Páscoa assinala a ressurreição de Jesus e é a festa mais importante do calendário litúrgico da Igreja Católica.
OC
Notícia atualizada às 10h49