Páscoa Ortodoxa em Viana do Castelo

A Igreja de S. João de Arga, em Viana do Castelo, acolhe no próximo dia 18 de Abril, pelas 21h00, a celebração da Páscoa Ortodoxa. A Páscoa é a primeira festa cristã em importância e antiguidade, pelo que não admira que já no Concílio de Niceia no ano 325, haja prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa, conforme os cálculos astronómicos (primeiro Domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera): de 22 de Março a 25 de Abril. Estas datas têm como referência, entre nós, o chamado “calendário gregoriano”, introduzido em 1582 pelo Papa Gregório XIII. Contudo, as Igrejas de rito Bizantino, para a celebração da Páscoa, seguem até hoje o “calendário juliano”, que apresenta um atraso em relação ao nosso calendário civil. Em 2009, os fiéis de Rito Bizantino celebram a Páscoa no próximo Domingo, 19 de Abril, uma semana depois da celebração no Rito Latino. Em Portugal, são muitos os imigrantes de Leste greco-católicos ou da Igreja Ortodoxa que celebram, muitas vezes em conjunto, de acordo com o Rito Bizantino. Na Quinta-feira Santa, a Missa é celebrada conforme o formulário de São Basílio, usado somente dez vezes durante o ano. Este é mais extenso do que o formulário de São João Crisóstomo, usado habitualmente. O Evangelho que se proclama é composto de uma série de trechos extraídos dos vários evangelistas, sendo a perícope mais longa do ano e compreendendo a narração completa da última Ceia, a traição de Judas e a prisão nocturna de Jesus no jardim das Oliveiras. A cerimónia do lava-pés, que se faz logo em seguida, é reservada às Catedrais, onde o bispo lava os pés de doze sacerdotes. Na noite da Quinta-feira Santa antecipa-se o ofício das Matinas da Sexta-feira Santa, isto é, o “Ofício dos Doze Evangelhos da Paixão”, com grande participação dos fiéis que escutam a leitura segurando na mão uma vela acesa. Na Grande Sexta-feira não se celebra a liturgia eucarística, mas tem lugar a exposição do “Sudário” – o santo Epitáphion, rectângulo de pano que leva pintada e bordada a figura do Cristo Morto. A parte mais característica das celebrações é o ofício das Matinas (= órthros) com os célebres Enkómia (elogios). Junto ao sepulcro do Cristo, representado no Epítáphion, a liturgia sugere elogios e lamentações, intercaladas a versículos do salmo 118 e a outros textos. Nas “Matinas de Jerusalém” em que se fazem três leituras vetero-testamentárias e a leitura do Evangelho (composição de trechos tirados de Mateus, Lucas e João), dá-se o rito da Sepultura. O Epitáphion, após colocado sobre o altar, é depositado sobre uma mesa (ou túmulo), preparada no centro da igreja, onde permanecerá até o início da Vigília Pascal. Na Vigília Pascal tem lugar a tradicional “Bênção da Páscoa”, que consiste na apresentação de alimentos que são benzidos pelos sacerdotes. A solenidade da Ressurreição de Cristo possui uma importância única no Oriente cristão e ocupa por si um lugar acima mesmo das “Doze grandes festas.” É precedida por 10 semanas de preparação, cujos ofícios litúrgicos estão contidos no Triódion penitencial, ao passo que as 8 semanas que se seguem à festa da Páscoa – até Pentecostes e ao Domingo de Todos os Santos – estão contidos no Triódion luminoso ou Pentikostárion. A Páscoa é o apogeu do ano litúrgico bizantino: é a “festa das festas,” a “rainha das festividades,” o “primeiro e oitavo dia”; só para repetir algumas expressões da celebração litúrgica.

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Agência ECCLESIA

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