Páscoa: Na Faixa de Gaza teme-se «uma nova guerra» depois de Sexta-Feira Santa sangrenta na região

Padre Mário da Silva é porta-voz do «medo» que tomou conta das pessoas depois do reacendimento do confronto entre Israel e Palestina

Cidade do Vaticano, 03 abr 2018 (Ecclesia) – O padre Mário da Silva, um sacerdote brasileiro em missão em Gaza, teme nova onda de violência na Terra Santa depois de a Páscoa ter sido ensombrada pela morte de 17 palestinos, num protesto contra Israel.

Numa entrevista divulgada hoje pelo portal ‘Vatican News’, o sacerdote que trabalha na região desde 2013 realça “o medo” que reina entre as comunidades, “de que comece uma nova guerra” e “a incerteza de não se saber o que será o futuro”.

Na Sexta-Feira Santa, dia 30 de março, um protesto com mais de 40 mil pessoas contra a ocupação israelita da Palestina resultou em confrontos na Faixa de Gaza entre manifestantes e a polícia, que fizeram 17 mortos e mais de mil feridos.

Estes acontecimentos, que mancharam com sangue a festa da Ressurreição de Cristo, tiveram lugar no primeiro dia de uma marcha de seis semanas contra a ocupação israelita.

Uma iniciativa saída da comunidade palestina mas que contará com o apoio do movimento islâmico Hamas, que tem o controlo da Faixa de Gaza.

Desde 2014, desde o início da guerra pelo controlo daquele território, que não havia um episódio tão violento entre Israel e a Palestina.

O padre Mário da Silva, pároco da Paróquia da Sagrada Família, em Gaza, lamenta que a Páscoa tenha sido marcada por este misto de “alegria e tristeza”, por um lado por um acontecimento que deve ser feliz, e por outro a perda de tantas vidas humanas.

A tragédia da guerra cujas sombras cobrem depois tantos outros aspetos da sociedade local.

Desde “a falta de liberdade à falta de luz e de água”.

“Todas estas coisas causam em nós muita tristeza”, salientou o sacerdote, que agradeceu os apelos à paz que o Papa Francisco tem deixado, e a forma como tem conseguido voltar os olhos do mundo para toda esta situação, que afeta também milhares de cristãos.

“Nós cremos que é a única solução possível para os confrontos, em todo o mundo, mas especialmente aqui. Sem diálogo não se chegará nunca a um acordo. A situação aqui é complicada porque não são apenas duas partes mas muitas partes interessadas”, denunciou.

O padre Mário da Silva terminou pedindo orações por todas as pessoas e comunidades que vivem hoje ameaçadas por este clima de crispação, e para que no futuro este conflito possa ter um fim.

JCP

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Agência ECCLESIA

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