Páscoa: Igreja é mais do que uma associação para as «necessidades religiosas» dos homens

Papa presidiu à celebração da Vigília Pascal, no Vaticano, reafirmando que o universo tem um sentido

Cidade do Vaticano, 23 abr 2011 (Ecclesia) – Bento XVI presidiu hoje no Vaticano à celebração da Vigília Pascal, que assinala a ressurreição de Cristo, afirmando que a Igreja “não é uma associação qualquer que se ocupa das necessidades religiosas dos homens”.

Numa celebração marcada por vários gestos simbólicos, como uma procissão iniciada na escuridão em que se vão, progressivamente, acendendo luzes e velas, o Papa disse aos fiéis presentes que “a vida na fé da Igreja não abrange somente o âmbito de sensações e sentimentos e porventura de obrigações morais”.

“Não, a Igreja leva o homem ao contacto com Deus e, consequentemente, com o princípio de tudo. Por isso, Deus tem a ver connosco como Criador, e por isso possuímos uma responsabilidade pela criação”, precisou.

Como fizera em anos anteriores durante a Semana Santa, Bento XVI concentrou parte da sua homilia na ideia de que o universo e os seres humanos não são fruto do acaso.

“Na origem de todas as coisas, não está o que é sem razão, sem liberdade; pelo contrário, o princípio de todas as coisas é a razão criadora, é o amor, é a liberdade”, indicou.

“Encontramo-nos aqui perante a alternativa última que está em jogo na disputa entre fé e incredulidade: o princípio de tudo é a irracionalidade, a falta de liberdade e o acaso, ou então o princípio do ser é razão, liberdade, amor?”, questionou ainda.

Para Bento XVI, “se o homem fosse apenas um tal produto casual da evolução num lugar marginal qualquer do universo, então a sua vida seria sem sentido ou mesmo um azar da natureza”.

O Papa comentou os relatos bíblicos da criação do universo, precisando que os mesmos – contidos no livro do Génesis – não querem ser “uma informação sobre a realização exterior da transformação do universo e do homem”.

“Bem cientes disto estavam os Padres da Igreja, que entenderam este relato não como narração real das origens das coisas, mas como apelo ao essencial, ao verdadeiro princípio e ao fim do nosso ser”, frisou.

Bento XVI apresentou ainda uma reflexão sobre a ressurreição de Jesus e a mudança do dia de celebração, na comunidade cristã primitiva, do sábado para o domingo: “Este processo inovador, que se deu logo ao início do desenvolvimento da Igreja, só se pode explicar com o facto de ter sucedido algo de inaudito em tal dia.”.

“O mundo tinha mudado. Aquele que estivera morto goza agora de um vida que já não está ameaçada por morte alguma. Fora inaugurada uma nova forma de vida, uma nova dimensão da criação”, disse.

A Igreja, acrescentou o Papa, celebra “o primeiro dia”, lembrando “Deus, o Criador, e a sua criação”.

“E celebramos o Deus que Se fez homem, padeceu, morreu, foi sepultado e ressuscitou. Celebramos a vitória definitiva do Criador e da sua criação”, afirmou ainda.

A Vigília Pascal é a celebração mais importante do calendário litúrgico da Igreja Católica, dando início ao tempo da Páscoa, que se prolonga durante 50 dias.

OC

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Agência ECCLESIA

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