Páscoa: «Há e tem de haver» espaço para a alegria – José Veiga

Neste Domingo de Páscoa, é convidado da Renascença e da Agência Ecclesia o diretor-adjunto da Pastoral Universitária da Diocese do Porto e voluntário na Bagos d’Ouro, uma Instituição Particular de Solidariedade Social que apoia a educação de crianças e jovens

Foto: RR

Entrevista conduzida por Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

Vamos começar pela situação económica das famílias, muito preocupadas com os níveis da inflação. No âmbito da sua atividade voluntária tem sido confrontado com muitas situações de carência?

Boa Páscoa para quem nos está a ouvir, obrigado por me receberem. É a realização de um pequeno sonho, estou aqui na postura de um contador de histórias, através da voz. Hoje, se calhar, não vou contar a história com os melhores factos, mas espero que o final seja bonito.

A Bagos d’Ouro atua na região do Alto Douro vinhateiro está presente em 6 concelhos da região, vai agora passar para o sétimo concelho, que é Mesão Frio. Nas situações de maior crise, quem passa por dificuldades sofre de imediato e as pessoas que não passam, mas que estão ali naquela situação um pouco mais vulnerável, são logo as pessoas que vêm a seguir e que passam por dificuldades.

O aumento dos preços prejudica o dia a dia da gestão familiar, não só em termos de alimentação, mas também – quando passamos por invernos mais rigorosos – o aquecimento, as despesas da luz, o gás. Tudo isso afeta, obviamente, a realidade familiar. A Bagos d’Ouro desenvolve um projeto educativo, acompanhando crianças desde o primeiro ano de escolaridade até à sua integração a nível profissional. O nosso trabalho é garantir que tenham percursos escolares de sucesso e que as suas condições socioeconómicas não os vão condicionar, que possam sonhar e seguir para sua profissão de sonho.

Então, imaginemos, no inverno rigoroso, uma casa que, propriamente, não tem a melhor estrutura, com os isolamentos que são expectáveis. Vamos pedir ao João, digamos assim, que chegue a casa e que estude duas horas? Numa casa em que, se calhar, não há energia para aquecimento, como é que uma pessoa se consegue concentrar e estudar, com frio?

Lembro-me de ter entrado numa dessas casas e ter visto lá uma salamandra daquelas antigas, que se calhar, hoje em dia vamos a um museu e achamos muito bonita, porque recorda a que tínhamos em casa dos nossos avós – em casa da minha avó tinha uma parecida, que era uma peça de decoração. Ali, a peça era utilizada para aquecer a casa.

 

É voluntário numa instituição de uma das regiões mais deprimidas do Continente – o Douro. É também uma região onde se acentuam os problemas relacionados com o despovoamento. Faltam pessoas e também quem ajude?

Sim, acho que há uma certa descrença, um pouco uma espécie de nevoeiro que paira em Portugal – somos bons a identificar os nevoeiros que existe em Portugal, desde o Dom Sebastião – muitos mitos de que o Interior não dá, que no Interior não vou conseguir singrar. Eu sou suspeito, porque sou uma pessoa de litoral, que sempre cresceu na cidade do Porto, e olho para o Interior como um leque de oportunidades. Estão a ser formadas as primeiras gerações que estão a sair da universidade, a nível de licenciatura e de mestrado. Olho para eles como os potenciais agentes para inverter este ciclo, para chegar a esta zona e criar. Claro que sozinhos não vão conseguir…

Numa conversa há uns tempos, com um universitário da associação, eu perguntava lhe, porque é que não regressava ao seu concelho? E a pergunta dele foi muito simples e retórica: O que é que há lá para mim? O que é que uma pessoa formada em engenharia tem lá para ele?

E acho que isto responde tudo. A solução é sair e sair do Interior para o litoral. E hoje em dia a solução já é sair do litoral…

 

No meio desse nevoeiro todo, e utilizando a imagem, será possível encontrar na região algum ‘Dom Sebastião’?

Sem dúvida: são estes universitários, são eles. Às vezes há esta descrença de confiar na geração mais nova, porque ainda não tem experiência de vida, porque ainda não maturaram. Acho que temos de ultrapassar um bocadinho e confiar: se as pessoas não experienciam e não são desafiadas – especialmente estes universitários têm de ser desafiados, ser colocados na região e serem eles as próximas pessoas a investir na região -, se não dermos esta hipótese, esta oportunidade, qual vai ser? O que é que vamos esperar da região? Que página vamos virar?

 

Foto: RR

Ainda relativamente às dificuldades económicas, elas também se refletem nos apoios?

Sim, sim. Em primeiro lugar, as várias dificuldades que existem na região são díspares. As várias instituições locais articulam-se em rede, trabalham em rede, mas a necessidade de resposta que temos de dar à população é muito exigente, para aquilo que são os recursos.

Compreendo que num país que, neste momento de crise, está a passar por grandes dificuldades, distribuir estes apoios torna-se extremamente exigente e difícil. Também porque há apoios que têm de ser contínuos no tempo: não podemos esperar em que se apoie uma família durante um ano e que, no ano a seguir, essa família, de repente, já esteja numa situação equilibrada a nível familiar, social ou financeiro. Há problemas que, para serem resolvidos, têm de se enfrentar a médio e longo prazo. Atualmente, quando ajudamos, achamos que tem de ser a curto prazo…

 

Essa questão da estratégia tem falhado também, em Portugal?

Eu acho que, em primeiro lugar falta uma estratégia mais articulada. Sinto que há muita vontade de ajudar e surgem projetos, grupos de amigos, depois associações, organizações que vão crescendo nesse sentido. Às vezes falta criar um bocadinho mais de articulação e coordenação entre todas estas entidades que estão a dar resposta.

Mas essa é uma pergunta muito difícil para quem é um jovem e se pergunta como é que vai gerir, como é que vai gerir um orçamento de um país ou um orçamento de fundos europeus para canalizar.

 

Tem, sobretudo, a ver com a experiência da Bagos d’Ouro, instituição que tem como grande objetivo permitir a educação a crianças e jovens desfavorecidos. Isso é uma forma de quebrar ciclos de pobreza…

Sim, mas depois há uma expectativa com o apoio. Atualmente usa-se muito a expressão do impacto dos resultados, do multiplicar, do impactar o máximo possível: querem ver-se resultados conseguidos em números. E a verdade é que é muito difícil conseguir certos resultados em números. Quando investimos na educação, como é que vou medir a mudança de atitude de um miúdo que não queria estudar e passou a estudar? Eu só vou medir quando o miúdo quiser continuar a estudar no Ensino Superior, tirar o mestrado, quando for integrado no mercado de trabalho.

 

No final do caminho, portanto…

Exatamente. Ou, por exemplo, como é que eu meço o apoio a uma família que está desestruturada a nível social, porque existem problemas relacionados com alcoolismo, etc. Qual é o momento em que eu identifico que criei impacto e o assunto ficou resolvido?

 

Falamos um pouco de como atua a Bagos d’Ouro…

Nestes sete concelhos, atua com uma equipa de oito psicólogos, distribuídos por esses territórios, onde atua semanalmente. Por exemplo, a Carla que é psicóloga do Concelho de Sabrosa, está de segunda a sexta-feira no município e acompanha as crianças e jovens que são sinalizadas pela Bagos d’Ouro. Tem sessões com essa com essas crianças e jovens, em que trabalha a autorregulação das aprendizagens, comportamental, emocional, exploração vocacional e integração profissional.

Por isso é um acompanhamento a longo prazo e de proximidade. Todas as semanas estamos com as nossas crianças e jovens, e isto em cada um dos concelhos.

 

Como é que a Bagos d’Ouro arranja financiamento para acudir a essas situações?

O financiamento parte muito do apoio de fundos europeus, também por donativos, como uma IPSS; por parceiros que confiam na nossa missão, que se identificam com os nossos valores e nos apoiam naquilo que também são os vários projetos que a Bagos d’Ouro vai desenvolvendo.

Na última semana tivemos uma atividade, que é o projeto ‘Take Action’ 1 e 2, em que pegamos nos nossos Bagos d’Ouro do 8.º, 9.º, 10.º e 11.º anos para passaram quatro dias em contato com várias profissões, foram conhecer empresas. Tudo isto no âmbito do processo de exploração vocacional. Quem tinha interesse em conhecer a profissão de médico veterinário, por exemplo, foi para uma clínica veterinária e acompanhou um profissional durante esse dia.

 

Tem ideia de quantas crianças e jovens estão a apoiar nesta altura?

São ao todo, 204 crianças e jovens que acompanhamos.

 

 

José trabalha também com jovens universitários que sentem a crise financeira e as dificuldades no acesso à habitação. Tem sido um dos temas mais falados dos últimos tempos. Já se cruzou com jovens obrigados a suspender a matrícula por causa dos custos de habitação por exemplo?

Ainda não me cruzei, mas acho que me vou cruzar, nós na Pastoral Universitária do Porto, acabamos por ter um pequeno fundo de apoio; muito pequenino que nós procuramos tentar ter disponível para os pedidos que nos chegam. Não é um fundo muito grande, mas os pedidos têm aumentado cada vez mais; ponto número 1. Ponto número 2, os pedidos que são extremamente exigentes. Estamos a falar de pessoas que tiveram de sair da casa que tinham arrendada, porque não conseguiram lugar numa residência, porque de repente o seu panorama de vida mudou e em casa já não conseguem também dar apoio para continuarem os estudos. E começa a haver muitos pedidos de apoios para tratar das despesas com a faculdade, porque começam a não ter capacidade também para pagar as propinas. E também em termos alimentares, porque não têm dinheiro para conseguir alimentar-se durante a semana. Os pedidos de apoio que recebemos mais são a estes 3 níveis: propinas, alojamento e alimentação.

Depois é tudo um efeito dominó.

 

 

Esses jovens, apesar das dificuldades que está a relatar, continuam a sentir solidariedade para com quem sofre a sua volta. Compromisso social e voluntariado?

Isso é uma pergunta muito pertinente e um grande teste para quem passa por

dificuldades, e eu fico sempre reticente a responder, porque acho que só quem passa por dificuldades é que sabe o que é passar por dificuldades e parece que isto é um chavão, mas isto é um teste muito grande àquilo que são os objetivos da nossa vida, o que traçamos para a nossa vida. Como é que vamos viver a nossa vida?

Eu acho que sim, e que não. Acho que depende muito da personalidade da pessoa, da sensibilidade da pessoa e como é que a pessoa encara as suas dificuldades.

Encontro-me com universitários que estão desesperados e que olham muito centrados em si,

porque sentem que têm de sobreviver, tem de se desenrascar, têm que descobrir a forma. Mas tenho outros que a sensibilidade é despertada pelo facto de terem sido ajudados. Ou seja, ajudaram-me a mim e agora também tenho a responsabilidade de retribuir.

Por isso acho que acaba por ser um processo, com duas fases. Uma primeira em que se calhar eu sinto as dificuldades e estou mais preocupado com a minha, e faz todo o sentido. E uma segunda em que reflito e sinto que tenho de retribuir porque percebo que há pessoas que estão na mesma situação que eu.

 

Mas há aqueles que perante o conforto não têm essa visão solidária para apoiar?

Não sei.

 

Outra realidade aqui em Portugal, que que vai chamando muita atenção dos jovens, sobretudo os jovens católicos, é a mobilização para a Jornada Mundial da Juventude. Como é que se sente esta mobilização para participação no encontro de agosto? 

Eu acho que um jovem que estiver integrado numa paróquia, acho que facilmente vai ser mobilizado através dos seus grupos de jovens. Facilmente vai -se mobilizar e vai-se inscrever para participar nas jornadas. Acho que a grande questão são os jovens que não têm paróquias. Há muitos jovens que eu noto por aí que não estão inseridos numa paróquia, ou afastaram-se com o tempo e aproximaram-se da Faculdade através de experiências de voluntariado católico, mas que não estão inseridos numa paróquia. Então para eles, a realidade de ir às Jornadas Mundiais da Juventude torna-se um pouco distante, porque se interrogam, com quem é que eu vou? Com que grupo é que é suposto eu ir? Inscrevo-me também sozinho? Mas o objetivo disto é também o viver em Comunidade.

Há um desconforto um pouco grande de darem o passo para avançarem e integrarem-se

nesta grande aventura que acho que vai ser esta Jornada e que estão a ser não só sua preparação, mas também o que vai ser esta semana. Mas depois acho que falta também um empurrão e acho que compete um pouco à pastoral universitária, através das suas entidades, seus representantes de dar este empurrão, de espicaçar, de dizer, olha, vem connosco; podes ir por aqui, podes ir por este grupo, podes ir por este conjunto de pessoas, por aí fora. Porque de facto não faltam locais, onde nós nos podemos inscrever. E depois acho que também é um desafio, pela situação que a Igreja está a passar. E isso também não facilita a conjuntura de querer ir à Jornada. Só as jornada em si, já foi um tema bastante discutido pela questão das infraestruturas por aí fora, e agora esta situação que estamos a passar também acho que de todo também não ajuda aqueles jovens que se calhar podiam viver as Jornadas e ser uma experiência transformadora, um desafio de se aproximarem daquilo que é a experiência de fé.

Se calhar todo este contexto faz com que tenham medo de dar o passo ou ficam mais hesitantes ou mudem a sua opinião e de facto, não queiram ir à Jornada.

 

Foto: RR

A crise e a polémica relacionada com os abusos têm motivado debate ao nível da pastoral universitária?

Em termos de atividade da pastoral universitária ainda não foi uma questão suscitada entre nós para discutirmos com a comunidade estudantil. Em termos de pastoral universitária sinto que ainda estamos a digerir. Ainda estamos a compreender, por um lado, quais vão ser as implicações. Isto é, eu acredito que vai haver muito mais implicações. As pessoas que não se enganem que este assunto vai durar muito mais no tempo. Acho que isto é dos maiores desafios que a Igreja vai passar neste século XXI. Agora acho que ainda estamos a digerir, a perceber. O Relatório e as suas conclusões ainda são recentes, o que faz com que ainda estejamos a digerir e a compreendê-lo.

Também a “bombardeamento “de informação também permite perceber o que é, e o que não é. E também o que é que aconteceu. E por outro lado, a própria pessoa que tenha uma experiência

de fé, precisa de tempo para digerir isso na instituição, que é a igreja onde se insere como leigo. Neste caso eu como leigo, tento também interiorizar e tento conseguir compreender tudo.

 

Mas nota-se grande preocupação pelo assunto pelo tema e pela polémica. Esse é um assunto sobretudo externo à pastoral universitária. É assunto de conversa frequente apenas com as pessoas com quem habitualmente está?

Na equipa é uma coisa que nós temos falado constantemente. A implicação de

que esta situação está a ter nas nossas atividades….

 

E já está a ter….

Acho que sim. Acho que há um descrédito muito maior naquilo que é a Igreja instituição. E depois não só. Também há as implicações da crise na Igreja na crise de fé.

 

É uma questão que fizemos a semana passada e que me parece pertinente repetir

agora e que tem a ver com os caminhos. Porque não é só o digerir e entender e dar um sentido a tudo o que está a acontecer. Haverá a necessidade de uma resposta. Essa resposta tem de ser participada? Na semana passada falávamos na necessidade de integrar este debate no processo sinodal que está em curso… Os caminhos de solução que forem encontrados têm de ser frutos de uma consulta mais alargada e de uma confiança maior em quem está no terreno?

Sim. Falando um bocadinho disto dos caminhos, eu acho que o caminho começa em

primeiro lugar, por cada católico.  Se nós acreditamos, se nós temos fé e se há aqui um conjunto de valores que nós encarnamos através da nossa vida é preciso pôr em prática esses valores. E acho que começa por cada um de nós. E esse caminho começa por cada um de nós. Eu costumo dizer, às vezes, que o ser católico não é só ir à missa ao domingo. Ir à missa é importantíssimo, mas só ir à missa ao domingo, não é nada. É verdade, porque o ir à missa é o início para aquilo que vamos fazer na semana a seguir. E começa através da nossa atitude como católicos e sermos católicos, atentos, conscientes, ativos e sempre com um olhar de serviço para o outro, porque, acima de tudo, eu partilho isto com os jovens universitários. E pensar que a grande

responsabilidade que agora está a recair sobre a igreja é uma responsabilidade que também vai recair sobre os jovens católicos através da nossa forma de estar, na forma de falar, na nossa atitude, que também deve ser não só articulada como uma igreja sinodal – na medida em que a Igreja, se nós formos ver, se calhar acaba por ser uma salada de frutas. Isto é, tem se calhar os ananases que são os leigos jovens; tem se calhar os kiwis que são os leigos mais velhos; tem as ordens religiosas e por aí fora. Então, esta sala de frutas tem de estar no ponto para uma pessoa conseguir

desfrutar dessa mesma salada de frutas.  É um exemplo um bocado peculiar, sem dúvida, mas foi o exemplo que me ocorreu porque a salada de frutas quando não está bem conjugada sabe sempre mal. Por isso, eu acho que temos que nos coordenador muito bem, e temos de ficar todos na mesma página, para todos também encontrarmos a forma coerente de como vamos agir. Eu aqui digo que ainda estamos a digerir porque eu ainda não percebi muito bem, como Pastoral Universitária, como um secretariado, qual é a minha ação perante isto que está a acontecer com a Igreja. O que é que me vai ser pedido, concretamente? O que é eu posso fazer? quais são as ações concretas? quais são os objetivos? Isso eu sinto que ainda não aconteceu. E é por isso que eu sinto que ainda estou a digerir para compreender, e para também não dar aqui um passo em falso, porque o assunto é de uma sensibilidade enorme.

 

Vamos terminar com a celebração da Páscoa, que se assinala hoje. Há espaço para a alegria, apesar de todas estas dificuldades?

Há e tem de haver. Ou vemos o copo meio cheio, ou vemos o copo meio vazio e acho que às vezes podemos ver os dois. Não podemos ignorar aquilo que está a acontecer, mas não é porque aconteceram coisas más que deixam de acontecer coisas boas. E não é porque está a acontecer isto na Igreja que tem de afetar aquilo que é a experiência de fé que todos nós vivemos. Acima de tudo, não pode ser motivo para que deixe de haver alegrias, deixe de haver ações de serviço, deixe de haver a Igreja em saída que o Papa Francisco tanto defende. Aliás, acho que tem de ser exatamente o contrário. Isto tem de ser motivo para sermos mais ativos, ser uma igreja mais em saída para mostrar que de facto; pese embora isto que aconteceu – sem esquecer, sem desrespeitar, sem desvalorizar -isto não é tudo e que também há espaço para esta alegria para trazer, pelo menos, uma mensagem esperançosa de bonança.

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Agência ECCLESIA

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