Mensagem pascal do Bispo d Aveiro 1. Em Aveiro, cidade e diocese, fui descobrindo, nestes primeiros meses de vida e ministério, através de tantas pessoas que encontro, dos movimentos apostólicos e grupos cristãos com que reúno, das comunidades cristãs que visito e das iniciativas pastorais que acompanho e incentivo, um modo peculiar e belo de celebrar a fé com alegria, de viver a Quaresma com intensidade e de preparar a Páscoa com entusiasmo. Cada paróquia teve os seus dias de confissões, oferecendo a cada crente momentos únicos de celebração sacramental da reconciliação. Cada paróquia fez a sua caminhada quaresmal e proporcionou oportunidades próprias ou de índole arciprestal de formação teológica, espiritual e pastoral. O testemunho de vida e de fé dos sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos de Aveiro e a proposta de iniciativas pastorais e de acções litúrgicas das comunidades cristãs e dos movimentos apostólicos da diocese são a grande mensagem pascal que, na comunhão da Igreja que somos, acolho, assumo e transmito a todos os Aveirenses. 2. Importa ter presente que a Páscoa não é apenas o Domingo da Ressurreição. A Quaresma termina na manhã de Quinta-feira Santa com a Missa Crismal. Com a Celebração do Senhor inicia-se o Tríduo Pascal; na Sexta-feira Santa celebra-se a Paixão e a Morte de Jesus; no Sábado Santo vive-se um longo dia de silêncio e de meditação na expectativa do Domingo e na esperança do anúncio solene da Ressurreição. Este Domingo começa com a maior de todas as vigílias: a Vigília Pascal. Por seu lado o tempo pascal prolonga-se até ao Pentecostes e a celebração da Páscoa tem lugar em cada Domingo, que é o dia do Senhor Ressuscitado, e em cada Eucaristia em que anunciamos a morte de Jesus, proclamamos a sua ressurreição enquanto aguardamos a sua vinda. Na Eucaristia, sacramento de amor compreendemos que Aquele que volta à vida é Aquele que dá a vida. 3. Se em alguma época ou circunstância a Igreja for tentada pelo desânimo, pelo medo, ou pelo pessimismo tudo isso se deve desvanecer à luz da Páscoa. Aqui renasce em cada ano e em cada tempo o dinamismo redentor da fé, a certeza inabalável da esperança cristã e a garantia serena de que toda a vida tem sentido indeclinável e valor eterno. É dando a vida que Jesus vence a morte. É ressuscitando que Jesus nos reconduz à vida e à graça de sermos filhos de Deus, salvos do medo, do pecado e da morte. Este é o mais denso e santo mistério que a Páscoa nos oferece e que nos chama a viver, a celebrar e a testemunhar. São múltiplas as manifestações de alegria, de festa, de vida e de esperança que envolvem a celebração da Páscoa nas nossas terras cristãs. Devemos saber cultivá-las e mantê-las na medida em que são expressão pública da fé no Ressuscitado, dão colorido à vida humana, familiar e social e emprestam interioridade espiritual e beleza aos nossos ambientes. Procuremos impregnar de forma criativa estas manifestações de conteúdo doutrinal e de aprofundamento formativo para que sejam gestos evangelizadores e instrumentos de diálogo com o mundo e pontes de sadia articulação entre a fé e a cultura. Voltada para a família como prioridade pastoral, a Igreja de Aveiro conhece a urgência que as famílias sentem de descobrir na Páscoa a força da reconciliação, o segredo da harmonia e da fidelidade, a fonte do amor santo e feliz, a alegria do acolhimento da vida e da educação religiosa dos filhos, o encanto da oração em comum, o sentido da disponibilidade para o bem e para a missão apostólica e o sabor saudável da festa e da esperança cristãs. Dirijo esta mensagem pascal, com particular afecto pastoral, a todas as famílias da diocese para que encontrem na Páscoa de Jesus Cristo, que a Igreja renova e celebra, a fortaleza do amor e a alegria da felicidade e ajudem os que vivem em provação a manterem vivas a fé, a esperança e a fidelidade. Santa e Feliz Páscoa. + António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro