«O que é que a ressurreição, em cada ano, tem a ver comigo?»
Lisboa, 26 mar 2016 (Ecclesia) – A ressurreição é “um mistério” para maestrina Joana Carneiro, toca “todas as franjas” da existência para o cónego António Rego e desafia a um “agir ressuscitado e ressuscitador” diante de “diversas formas de morte" para Eugénio Fonseca.
Na última edição do semanário digital Ecclesia, Joana Carneiro escreve num artigo de opinião que ter fé “é natural” diante do “mistério” da ressurreição, sinal da renovação da “esperança e confiança” de que “o que virá será bom”.
“Hoje, Ressurreição convida-nos a confiar, como sempre”, sustenta.
“A contemplação da Vida e do Mundo deixa-me invariavelmente agradecida e certa de que existe um Criador pleno de amor e bondade. A vida é essencialmente boa e todos somos um bocadinho dessa Criação”, acrescenta.
“A renovação deste sentimento de esperança e confiança de que o que virá será bom (ou pelo menos sempre melhor), de que é possível (mesmo quando temos a certeza, no maior sofrimento, do contrário) nos reinventarmos com a maior simplicidade, de que a felicidade existe realmente e que a podemos construir, é a minha forma pouco complicada de sentir a Paixão e Ressurreição em cada ano que passa”, refere Joana Carneiro.
Para o cónego António Rego, a ressurreição toca “todas as franjas” da existência e tem a ver com “a leitura da realidade, a interpretação da história, a aceitação dos limites, a ultrapassagem das derrotas, a luz que sempre se acende quando a noite e os vendavais parecem devastadores”.
O sacerdote refere que o mistério da Páscoa tem a ver “com crianças vítimas de tragédias, bombas suicidas a rebentarem pelas praças mais armadas, novos vírus e epidemias a imporem velhas ameaças, continentes e países a reforçarem fronteiras com cortinas de ferro, refugiados repelidos como novos invasores, terroristas disfarçados de refugiados”.
“Tudo isto poderia suscitar em todos a pergunta como dúvida: acredita na ressurreição? A resposta é simples: o que seria de tudo isto, e sobretudo de nós, sem a ressurreição?”, interroga o cónego António Rego num artigo de opinião do semanário Ecclesia.
Para Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, o contacto com “diversas formas de morte que reclamavam por mais vida” levou à descoberta de que ser cristãos é assumir um “agir ressuscitado e ressuscitador”.
“Ser cristão não é, apenas, pertencer a uma ‘religião’; adorar um ídolo e ter, como únicas referências, os seres humanos ‘eleitos’ para os altares e prestar-lhes culto muito piedoso; seguir, cegamente, as normas imposta pela ‘religião’; odiar o mundo por criar dificuldades à minha salvação e possibilidade de ser mais um dos eleitos”, refere Eugénio Fonseca.
Para o presidente da Cáritas Portuguesa, “ter fé é muito mais do que pertencer a uma ‘religião’, porque exige “seguir, com todas as consequências daí decorrentes, não um morto, mas um vivente: Jesus Cristo, Deus encarnado, e impregnado totalmente pelo Espírito Santo”.
“Passei a sentir que teria de ser maior o esforço de coerência entre aquilo em que acredito e o que vivo no meu quotidiano”, adianta Eugénio Fonseca.
A última edição do semanário digital Ecclesia tem por tema principal a ressurreição de Jesus Cristo.
PR