Páscoa: A esperança “não é apagar o passado” ou “tentar omitir as falhas” – padre Nuno Santos (c/vídeo)

Reitor do Seminário de Coimbra considera que reconstrução da casa a que preside é um sinal apesar dos “pequenos terramotos”

Foto Correio de Coimbra

Coimbra, 10 abr 2023 (Ecclesia) – O reitor do Seminário Maior de Coimbra, padre Nuno Santos, considera que “a esperança também é feita da história” e a reconstrução e a requalificação da casa a que preside é um sinal apesar dos “pequenos terramotos”.

“Esta casa é um seminário de 1765, uma história longa, que foi construída durante um período largo de sete anos em que decorre também um terramoto e, atualmente, a casa está a ser reconstruída também com alguns pequenos terramotos – a pandemia, a guerra, a inflação – e os terramotos dentro da igreja, pequenas grandes histórias que estão desencontradas com o evangelho”, disse o padre Nuno Santos à Agência ECCLESIA.

Para este sacerdote da Diocese de Coimbra, a esperança “não é apagar o passado ou simplesmente dizer que não existe ou tentar omitir as falhas”.

No evangelho encontra-se homens e mulheres “com as suas fragilidades”, mas Jesus “agarra na história de cada um deles e reconstrói”, salientou o reitor do Seminário de Coimbra.

Os cristãos devem aceitar a história que têm, tanto nas “grandezas como nas fragilidades”, e devem também “procurar reabilitar”, disse o padre Nuno Santos no Programa 70X7, emitido na RTP2, no Domingo de Páscoa.

A reconstrução da Igreja convoca sempre os cristãos, mas este tempo “é claramente especial” porque “é Páscoa, mas também os últimos temas, nomeadamente a questão dos abusos na Igreja”.

“É uma ferida que não pode ser simplesmente apagada”, acentuou o responsável do seminário.

O mal “foi esconder, ocultar e dizer que isto não é importante e vai estragar a nossa imagem”, no fundo houve um “processo de desvalorizar aquilo que era importante”.

O padre Nuno Santos pensa que os procedimentos anteriores “estão ultrapassados” porque “toda a gente percebe, dentro e fora da Igreja, que é uma ferida que tem de ser enfrentada e curada”.

“A dor das vítimas não prescreve e as pessoas têm de ser cuidadas”, sublinha o sacerdote.

Para que “ninguém seja mais vítima”, o padre Nuno Santos realça que “é preciso acompanhar os abusadores para que eles não continuem a ser abusadores”.

Em relação à reconstrução do Seminário Maior de Coimbra, o sacerdote defende “que as marcas do passado” da casa devem ser mantidas.

“A beleza está nas marcas e diferenças” porque as “histórias de ressurreição e de esperança também estão atravessadas pelas lágrimas”.

Neste processo onde os cristãos são convocados pela esperança, o padre Nuno Santos sublinha que “a confiança é um processo difícil de conquistar e muito fácil de perder”.

Perante estes problemas, o sacerdote considera que “a Igreja está a responder e está a responder honestamente quer nas suas comissões de proteção de menores e pessoas vulneráveis” e também nas formações que está a ministrar.

Na Diocese de Coimbra estão a ser implementadas formações para agentes da pastoral.

Apesar do trabalho feito, “o caminho não está percorrido” e o padre Nuno Santos gostava “que a Igreja pudesse ser pioneira e ser um estímulo para a sociedade”.

PR/LFS

 

 

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Agência ECCLESIA

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