Encontro anual do Conselho de Arciprestes da arquidiocese de Braga Reuniu, de 10 a 14 de Julho, na Quinta de S. João, em Elvas, o Conselho de Arciprestes da Arquidiocese de Braga, sob a presidência do Arcebispo Primaz, com a presença dos Bispos Auxiliares, e estando presentes todos os Arciprestados. Da reflexão, da partilha de ideias e dos trabalhos realizados destacamos, em jeito de propostas e sugestões, os seguintes aspectos: 1 – Vida do Presbitério Urge imprimir um novo ardor e um novo dinamismo de esperança na vida do nosso presbitério, que ajude a todos os sacerdotes a ultrapassar possíveis pessimismo e a anunciar a alegria de ser padre hoje, conscientes de que, como dizia Ghandi: “a minha mensagem é a minha vida”. Importa acreditar na paróquia como “família de famílias”, dando espaço à ousadia de uma pastoral familiar, que ofereça respostas adequadas e orientações concretas. A vida do presbitério deve ser entendida como família particularmente no exercício do ministério presbiteral a que somos chamados. Certos de que o imobilismo nunca é solução, pertence-nos a todos viver e agir de forma persistente, radicados num optimismo consciente e convencidos que o valor e o testemunho da santidade são a única aposta possível para construirmos em cada dia a Igreja de Jesus Cristo. 2 – Ano Pastoral em avaliação e perspectiva Ajudados por um esquema previamente elaborado de questionamentos e sublinhados da acção pastoral desenvolvida ao longo do ano, destacamos alguns elementos que nos parecem mais pertinentes: 2.1- É necessário garantir sustentabilidade, articulação e sequência aos vários temas propostos para cada plano pastoral ao longo dos anos. Fazendo referência apenas aos últimos temas escolhidos, cumpre-nos lembrar que o plano pastoral deste triénio surge numa linha de continuidade com os anos dedicados à Juventude, às Vocações e à Eucaristia, para que não surjam nem esquecimentos nem rupturas, num trabalho pastoral que se quer contínuo, persistente e enquadrado. Por outro lado, temos consciência que toda a actividade pastoral deve integrar os diversos secretariados e departamentos arquidiocesanos, para que haja consonância, unidade e comunhão nos objectivos, nas propostas e nas actividades de cada um deles. Destacou-se, também, a importância de uma relação permanente entre os arciprestados e a pastoral diocesana, integrando paróquias, movimentos e iniciativas que devem expressar e espelhar esta comunhão e unidade. 2.2- Sendo um dos objectivos do primeiro ano do presente triénio pastoral, a criação de equipas arciprestais e paroquiais de pastoral familiar, o Conselho analisou a realidade existente e afirmou a necessidade de continuar a intensificar esforços nesse sentido. 2.3- Convictos que a pastoral da família é cada vez mais uma pastoral de educação da juventude, sentimos que importa dar maior atenção aos cursos e itinerários de preparação para o matrimónio, (v.g. CPM), e pôr em relevo a pastoral dos jovens, de forma a que inclua uma preparação remota para o matrimónio e para o amor. 2.4- Todos reconhecem a urgência e a oportunidade de valorizarmos o matrimónio cristão, no apurar das motivações, na avaliação da autenticidade da decisão, na preparação dos noivos para a celebração, na celebração do sacramento e no acompanhamento dos casais e famílias jovens. 2.5- Persuadidos que o amor e a família se devem renovar em cada dia que passa, importa que a Igreja continue atenta à formação dos esposos e dos pais. Não basta uma formação prévia para o matrimónio; é necessário lançar mão de formas e métodos de formação permanente, como sejam: escola de pais, integração das famílias em movimentos da pastoral familiar e nas actividades da comunidade cristã, onde aquelas sejam reconhecidas e consideradas como um valor para a vida pastoral. 2.6- Em famílias cada vez mais reduzias, os avós ocupam um lugar imprescindível na estrutura familiar, sobretudo no acolhimento dado aos netos e no contributo oferecido para o despertar religioso das crianças e para a vida cristã da família. Reveste-se igualmente de grande importância a preparação do Baptismo dos filhos, vivido como momento de consolidação da fé e do compromisso cristão da família. Devem por isso retomarem-se os itinerários de preparação para o Baptismo (v.g. CPB) numa atenção permanente à urgência de integrar os casais novos na vida da comunidade cristã. Neste esforço pastoral de preparação do Baptismo estão naturalmente integrados e implicados os padrinhos do Baptismo como corresponsáveis, através do testemunho de vida cristã, na educação da fé dos seus afilhados. 2.7- Um dos aspectos que mereceu particular relevo foi o da espiritualidade conjugal e familiar, como proposta que a pastoral diocesana deve contemplar, certos de que nesta dimensão se alicerça a solidez da estrutura de uma verdadeira família cristã. 2.8- Em ordem à continuidade sustentada de uma pastoral familiar que permaneça no futuro, torna-se imperiosa a formação de animadores de pastoral familiar, urgindo, nesse sentido, um trabalho intenso de atenção e valorização de pessoas e famílias das nossas comunidades que possuam preparação específica e disponibilidade necessária para esta missão pastoral. 2.9- Dando sequência ao tema desenvolvido na Semana Social Nacional, realizada em Braga, e no contexto do Plano Diocesano de Pastoral para este triénio, afirmamos o dever da Igreja, no quadro da sua missão especifica, de propor à sociedade a família cristã como verdadeira “família solidária”. A gestão financeira das famílias, a sua vida económica, as situações de pobreza e de carência em que muitas vivem endividamento progressivo de um cada vez maior número, o aumento do desemprego que aflige sobretudo famílias jovens são algumas das múltiplas questões que exigem uma atenção acrescida de toda a Igreja e da nossa Arquidiocese. 2.10- Tendo sempre presente as quatro dimensões elencadas no Plano Pastoral para o triénio de 2005-2008: evangelizar a família, celebrar em família, suscitar comunhão em família e agir pelas famílias, optou-se e assumiu-se como prioridade dar atenção à acção social em favor das famílias. Espera-se que as paróquias sejam sentinelas de toda a realidade social das famílias, instância denunciadora da vida indigna de certos agregados familiares e compromisso corresponsável na concretização de respostas adequadas aos problemas que afectam o hodierno tecido das famílias da Arquidiocese. 3 – IDAC e Casa Sacerdotal Sendo o Colégio de Arciprestes simultaneamente Conselho de Fundadores do IDAC, um dos temas analisados nesta reunião anual consistiu no compromisso renovado de todos em reforçar a atenção, o apoio e o empenhamento ao serviço do presbitério em todas as suas dimensões. O IDAC continuará a garantir a sua missão de solidariedade fraterna e de comunhão permanente com todos os presbíteros da Arquidiocese. A Casa Sacerdotal assume-se, assim, como uma instituição que manifesta este modo solidário e fraterno de acolher, cuidar e desenvolver todos os esforços ao serviço dos sacerdotes e seus familiares, em ordem a que nela se possa encontrar um verdadeiro “santuário de gratidão”, “casa de família” e “escola de vocações”. 4 – Encontro Mundial das Famílias A proximidade do V Encontro Mundial das Famílias mereceu do Conselho de Arciprestes, um tempo de reflexão sobre quanto se viveu e realizou em Valência, Espanha, de 2 a 9 de Julho, tendo estado presente nos dois últimos dias o Santo Padre Bento XVI. Em nome da Igreja portuguesa participou a Comissão Episcopal Laicado e Família. A representar a nossa Arquidiocese esteve um significativo grupo de famílias. Destaque-se o testemunho positivo e marcado pela esperança dado por famílias ou associações de famílias provenientes de todo mundo, que nos ajudam a olhar a família como uma “Boa Notícia para o Terceiro Milénio”. Também aqui se configura o espírito de comunhão e de actualidade pastoral do Plano da nossa Arquidiocese com quanto se realizou nesse V Encontro Mundial das Famílias, e com a mensagem que a partir de Valência, o Santo Padre Bento XVI, comunicou ao mundo. 5 – Confrarias e Santuários As Confrarias, tão numerosas na nossa Arquidiocese e tão importantes ao longo dos séculos na vida da Igreja, são Associações Públicas de Fiéis que se devem assumir, na fidelidade aos princípios fundadores e às orientações estatutárias, como espaços de fraternidade e como centros evangelizadores entre os irmãos e de comunhão eclesial na comunidade. Deve, por isso, dar-se prioridade à formação dos seus membros e à revitalização espiritual das comunidades em que se inserem. Algumas das Confrarias possuem Santuários onde afluem ao longo do ano milhares de fiéis, sobretudo nos dias das peregrinações. Os Santuários são lugares sagrados de vida cristã, cada vez mais procurados, a que a Arquidiocese deve oferecer uma privilegiada, acrescida e organizada atenção pastoral. São muitas as expectativas dos crentes e mesmo dos não crentes em relação aos Santuários e muito diversificadas as razões por que os procuram: como lugar de silêncio, de beleza, de arte, de repouso, de contemplação, de acolhimento da Palavra da Sagrada Escritura, da vivência da Liturgia, de aprofundamento da vida espiritual e de encontro com Deus. As festas promovidas pelas confrarias ou paróquias terão de aceitar a orientação diocesana e assumir a responsabilidade de as tornar verdadeiramente cristãs, libertas e purificadas de elementos não condizentes com a dignidade que devem ter. 6 – Vocações A Igreja vive hoje a premência de um olhar novo e de um optimismo realista e consciente em relação à pastoral das vocações. Reconhecendo que é menor o número de vocações, pertence-nos a todos imprimir novo dinamismo na pastoral vocacional, dando continuidade às iniciativas e propostas vividas e acolhidas por toda a Arquidiocese ao longo do Ano Vocacional. Os grandes animadores e mediadores vocacionais são sempre os sacerdotes, os religiosos e os consagrados. Devem, em permanência, viver e testemunhar a alegria e a fidelidade de serem chamados e o encanto e a coragem de chamar. De todos se espera um compromisso constante na atenção aos sinais de vocação em ordem a um acompanhamento corresponsável dos jovens que nas suas comunidades sentem o chamamento de Deus. As famílias, as paróquias, os seminários, as escolas e os movimentos apostólicos devem sentir as suas responsabilidades específicas neste sector e integrar esta dinâmica de uma contínua valorização da pastoral vocacional na nossa Arquidiocese, conscientes que não há nenhum sector da pastoral que não integre esta vertente da vida da Igreja. 7 – Momento cultural Em todas as reuniões anuais do Conselho de Arciprestes, sempre se tem procurado conjugar os momentos de oração, de reflexão, de convívio, de partilha e de valorização cultural. Pensamos que uma das visitas culturais a realizar seria à Basílica de Santa Eulália, edificada no lugar onde ela foi martirizada no ano 304 d.C., ao centro histórico da cidade de Mérida, com as suas célebres ruínas romanas. Mérida é uma das mais antigas Dioceses, criada no ano 256 d.C., e sede Metropolitana na antiga Hispânia, sendo, por sua vez, Santa Eulália padroeira de 24 paróquias da nossa Arquidiocese. Elvas, 14 de Julho de 2006