Apelo de D. Jorge Ortiga na ordenação de dois padres para a diocese de Braga O Arcebispo de Braga quer que as paróquias e comunidades religiosas, contando «com o serviço sempre renovado dos sacerdotes», se empenhem na promoção da vida familiar como dom e compromisso, que constitui o lema do plano pastoral diocesano para 2007-2008. D. Jorge Ortiga fez este apelo ontem à tarde na igreja do Seminário Conciliar de Braga (igreja de São Paulo), na homilia da ordenação de dois padres, a quem pediu que proclamem «a beleza de Deus» e saboreiem «a grandeza dum sacerdócio vivido em serviço por amor». Albino Fernando Tristão Meireles (de Covas, concelho de Lousada, diocese do Porto) e Carlos Eugénio Pinheiro de Araújo (de Barbudo, Vila Verde) são os novos padres da Arquidiocese de Braga. No próximo domingo, dia em que será publicado no Diário do Minho o “Movimento Eclesiástico 2007”, eles e outros sacerdotes conhecem as paróquias e serviços diocesanos que vão estar sob a sua responsabilidade, a partir de Setembro próximo. É também neste mês que a Arquidiocese de Braga, centrando a sua acção nas famílias como «dom» e «compromisso», vai começar a «recolher os resultados» dos dois anos já dedicados à Pastoral Familiar. «Este plano – afirmou ontem o Arcebispo Primaz – é para todos e cada um deve interpretá-lo à sua maneira, como consagrado ou leigo, individualmente ou em grupo». «Não olhemos para o cansaço ou para as frustrações. Deixemos o pessimismo e a crítica vazia que não encontram nada de válido nas nossas comunidades. Acreditemos. É chegada a hora de actos concretos. Nenhuma paróquia se pode escusar», afirmou D. Jorge Ortiga, no final da homilia. «A umas o Espírito pede muito; a outras talvez pouco. O nada é que não se compreende nos tempos que passam. Por outro lado, potencializemos o pouco de muitas comunidades com um trabalho inter-paroquial ou zonal. Não temos um esquema uniforme. Cada arciprestado é diferente. Com o empenho de todos, as diferenças tornarão mais belo o conjunto», acrescentou. O que se espera dos padres Nesta redescoberta da vida familiar como dom e compromisso, os sacerdotes devem estar na dianteira, como «sentinelas» e «bons samaritanos», apontou D. Jorge Ortiga, que na próxima quarta-feira (dia 18) completa oito anos como Arcebispo de Braga. Aos novos padres, o Arcebispo Primaz disse-lhes que «é este o caminho que os espera», que «uma pastoral renovada», além de ser «apaixonante», «dá alegria e felicidade», sem esquecer o fundamental: «Antes da pastoral colocai Cristo que vos amou em primeiro lugar. Parti, sempre, d’Ele». Ainda segundo o Arcebispo de Braga, «o dom do sacerdócio passa pelo silêncio da escuta da Palavra de Deus e dos gritos imperceptíveis das pessoas a quem se destina». Por isso, e tendo em conta as leituras bíblicas ontem proclamadas na missa, é necessário que a Palavra esteja «na boca», mas também «no coração». Mas passa também pela fraternidade sacerdotal, isto é, «pelo encontro com os outros para saborear a presença do mesmo dom, ultrapassando atitudes clericais ou de autoritarismo – na relação com os leigos – e comportamentos isolacionistas com os outros sacerdotes». Por outro lado, a vocação ao sacerdócio «acontece na Igreja e em nome da Igreja. Na Igreja, pois prossegue um itinerário que está na sua sabedoria e na fidelidade às suas orientações; em nome da Igreja por um estilo que não teme ser diferente nem encarar-se com hipotéticas controvérsias com o mundo, que apenas confundem e enganam». Ao explicar em que consiste a missão dos padres na sociedade e cultural actual, o Arcebispo Primaz também disse que eles não devem fazer contas ao que dão, preocupando- se muito com os sofrimentos das famílias. Perante tanta dor, tanto drama, tanta violência, «que a Igreja, e os padres em primeiro lugar, ofereçam bem-estar», exortou o prelado. Tanto a homilia como o rito da ordenação dos padres foram acompanhados, com atenção e respeito, por centenas de pessoas, que lotaram a igreja do Seminário, «o local ideal» – disse o Arcebispo Primaz – para as ordenações».