Padre José Agostinho descreve ambiente na cidade após ataque contra jornal «Charlie Hebdo»
Paris, 08 jan 2015 (Ecclesia) – O padre José Agostinho, sacerdote português a viver em Paris, considerou “arrepiante” o minuto de silêncio que a “multidão” fez, hoje, devido aos atentados desta quarta-feira ao jornal «Charlie Hebdo».
Centenas de parisienses concentraram-se ao meio-dia (11h00 em Lisboa) na rua do jornal satírico, em Paris, para homenagear com um minuto de silêncio as vítimas do ataque, gesto que se repetiu noutros locais da capital francesa.
Ao descrever o ambiente que se vive no local, o religioso dehoniano disse à Agência ECCLESIA que “existe polícia por todo o lado” e “ninguém pensava que isto poderia acontecer no coração de Paris”.
Após atentado que matou 12 pessoas, entre jornalistas e polícias, e causou 20 feridos, Paris “parece uma cidade em estado sítio”, referiu.
Os ataques ao órgão de comunicação social foram a cerca de um quilómetro do local onde vive o padre José Agostinho, que sublinha que “não havia sinais que dessem a entender” o sucedido, embora “há algum tempo pairasse essa ameaça”.
Este atentado “fere o coração” de alguns valores fundamentais na sociedade francesa como “a liberdade de expressão, a tolerância e o respeito mútuo”.
Para sarar as feridas deste ataque é “fundamental” o papel das lideranças das várias religiões até porque a capital francesa é multicultural.
“É preciso distinguir o que é a religião e o que é esta barbárie, que não tem nada a ver com religião”, acrescentou.
O padre dehoniano realça ainda que diariamente se cruza com centenas de pessoas de outras religiões que cumprimenta e saúda “tranquilamente, sem qualquer problema”
A França está “de luto e em estado choque”, todavia “há alguma preocupação” visto que nos últimos tempos “se tem revelado um crescimento acentuado da extrema-direita e, agora, teme-se que surja um aproveitamento político destes factos”.
PR/LFS
