Judoca, medalhado em Sidney, diz que desporto representa «treino para a vida»
Lisboa, 22 jul 2024 (Ecclesia) – O judoca português Nuno Delgado, que conquistou a primeira medalha para olímpica Portugal nesta modalidade, considera que os Jogos Olímpicos (JO) são um sinal de “paz”, para o mundo.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, por ocasião do início da edição de Paris 2024 (26 de julho a 11 de agosto), o antigo atleta deixa votos de que esta seja uma ocasião para celebrar “a paz, a superação, a amizade e o respeito pelos adversários”.
Nuno Delgado recorda a sua experiência no judo, com o qual aprendeu que “treinos difíceis, competições fáceis” uma máxima para a vida, “até mesmo no relacionamento familiar”.
A família, acrescentou, constrói-se “com resiliência, com trabalho e com espírito de sacrifício”.
“Tudo aquilo que faz um ser humano implica, por um lado, suportar a resiliência, saber cair e levantar, mas por outro lado procurar a superação”, sustenta o medalhado olímpico.
O antigo judoca, agora treinador, fala num “caminho da suavidade”, que “não é frágil, mas é moldável, é adaptável à vida”.
Para o entrevistado, “o ser humano é o único animal que está sempre à procura de se superar”.
Formado em Ciências do Desporto, na Faculdade de Motricidade Humana, Nuno Delgado cita um mentor para a sua vida, o professor Manuel Sérgio: “Nós não treinamos técnicas, treinamos pessoas que praticam essas técnicas”.
Nuno Delgado refere que não gosta de olhar para um atleta e dizer que este tem “defeitos”, mas “características que devem ser aproveitadas para fazer uma pessoa melhor”.
Como treinador, sente a “responsabilidade de tentar criar condições para que outros jovens também tenham oportunidades”, numa sociedade que promove uma “preguiça latente”.
Depois do desafio da pandemia, o entrevistado considera que as pessoas “estão muito afastadas do toque e do esforço físico” e “o corpo representa sempre o contacto com o mundo exterior”.
Outro desafio, assinala, é a digitalização da sociedade.
“Estamos a assistir a uma globalização da digitalização que nos está a tornar muito sozinhos, estamos muito virados para o ecrã e pouco virados para as pessoas”, lamenta o judoca, numa entrevista emitido hoje no Programa ECCLESIA (RTP 2).
Portugal vai estar representado em Paris 2024 por 73 atletas, de 15 modalidades; a 8 de julho, o presidente da República Portuguesa recebeu, no Palácio de Belém, a Missão Olímpica antes da partida para os JO.
Marcelo Rebelo de Sousa entregou as bandeiras nacionais aos porta-estandartes, a marchadora Ana Cabecinha e o canoísta Fernando Pimenta.
Este domingo, o Papa reforçou o apelo à trégua olímpica, afirmando que o desporto “tem uma grande força social, capaz de unir pacificamente pessoas de culturas diferentes”.
“Desejo que este evento possa ser sinal do mundo inclusivo que queremos construir, e que os atletas, com o seu testemunho desportivo, sejam mensageiros de paz e modelos válidos para os jovens”, assinalou, após a recitação do ângelus.
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