Paraguai: Lugo promete marca católica na sua presidência

Devolver a dignidade ao seu país e ao seu povo é um dos grandes desafios de Fernando Lugo, que tomou já posse como Presidente do Paraguai. “Uma das grandes prioridades é devolver a dignidade ao povo indígena e também ao Paraguai, como país, para mudar a sua imagem no exterior”, disse Lugo numa entrevista à Rádio Renascença. O Paraguai é uma dos países mais pobres da América Latina e um dos mais corruptos do mundo. A vitória de Lugo pôs fim a 60 anos de hegemonia no poder do Partido Colorado. O novo Presidente, a quem o Vaticano concedeu recentemente a dispensa de bispo, enfrenta vários desafios, como o próprio reconhece: “Aqui há grandes desafios históricos, sociais e étnicos”. Entre eles está a situação dos povos indígenas, que é para Lugo “uma opção pastoral, mas também social e política que o país deve tomar”, pois “muitos morrem de tuberculose, de gripe, de fome e isso é inaceitável hoje, no século XXI”. Quando à sua presidência, Fernando Lugo garante que terá um estilo próprio. “O Presidente do Paraguai terá o estilo do Presidente do Paraguai, o estilo de Fernando Lugo. Lugo não é Chavez, não é Tabarez, não é Lula, não é Evo”, afirmou, rejeitando as comparações com os presidentes da Venezuela, Uruguai, Brasil e Bolívia. “Creio que teremos uma liderança complementar na região, apostando na integração real. Isto é o mais importante”, acrescenta Lugo, reconhecendo que “haverá coincidências conjunturais”. Depois de lhe ter sido concedida a dispensa do ministério episcopal, Lugo passou a ser considerado como um leigo aos olhos da Igreja. Numa primeira fase, tinha sido negada a renúncia ao ministério, optando o Vaticano pela suspensão a divinis depois de Lugo se ter tornado candidato. Mas a 30 de Junho, já depois da sua eleição como Presidente, Bento XVI concedeu-lhe a dispensa do ministério. Uma decisão que terá uma “natureza perpétua”, como disse na altura o Núncio Apostólico em Assunção, D. Orlando Antonini. O novo Presidente agradeceu “sinceramente” por uma decisão “que não foi fácil para o Vaticano, porque não há precedentes”. Ao longo dos últimos dias o ex-bispo manifestou que seu governo terá uma profunda marca católica. “Como presidente continuarei servindo a Igreja. Não vou decepcionar a Igreja Católica”. A marca católica também estará presente na faixa presidencial, bordada por religiosas de um convento numa localidade equatoriana onde o agora presidente foi missionário, entre 1977 e 1982.

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