Para que ninguém se sinta só na noite de Natal

Iniciativa da Paróquia da Campanhã Dar uma ceia de Natal a quem está só, ficou conhecido pelo Natal dos Sós. Sendo uma iniciativa de uma paróquia a pretensão não é mobilizar os paroquianos, “mas fazer antes um apelo para que quem tenha possibilidades convide alguém só para passar junto esta noite. Àqueles que não têm convite, a porta está aberta para aparecerem” refere o actual pároco Fernando Milheiro à Agência ECCLESIA. Há um grupo de voluntários que preparam os doces, acolhem as pessoas e no fim da noite, “levamos as pessoas a casa, com os que chamamos anjos de Natal, pois são pessoas que deixam as suas famílias por essa hora para com o seu carro levar os participantes nesta ceia às suas casa”, relata o pároco. Esta iniciativa conta já com 18 anos. Surgiu com o Padre Amadeu, antigo pároco de Campanhã, no Porto, que vivia com os pais e um dia resolveu abrir a sua casa a algumas pessoas que estavam sós, e assim seria desse ano em diante. A casa começou a ser pequena para tantos e passou a realizar esta ceia de Natal no Patronato de Campanhã, abrindo as portas a todos os que possam estar sós na noite de Natal. O Padre Fernando Milheiro, actual pároco de Campanhã, desde que aí se encontra abraçou e deu continuidade a esta iniciativa, “sempre na atitude de acolhimento numa noite em que custa muito estar sozinho”, explica. O programa é o menos possível, ou seja, acolher apenas as pessoas como elas são. Não procuram identificar as pessoas, “pedimos apenas o primeiro nome e o sítio de onde são para depois as levarmos a casa”, explica, e não procuram saber nada sobre a sua vida pessoal ou família, as razões da solidão “porque isso seria acentuar o sofrimento que as pessoas já têm”. Conversam, cantam-se também alguns cânticos, partilham a ceia de Natal e “invocamos o Nascimento de Cristo, dando sentido a um Natal cristão”. “O número de participantes é sempre uma incógnita”, adianta o pároco, que recorda o ano passado terem apenas sete inscrições a na noite terem aparecido 47 pessoas. Este ano conta já com 16 inscrições. A razão é simples: as pessoas deixam a inscrição até ao último dia, alguns aparecem mesmo sem inscrição, “porque as pessoas alimentam sempre a hipótese de ter alguém que as vá convidar, um filho, um sobrinho, um vizinho ou amigo”, e nem sempre isso acontece. “Nós fazemos o apelo para que saiam para não se sentirem sós nessa noite, mesmo assim sabemos que há pessoas que ficam sozinhas”, sublinha o Pe Fernando Milheiro. Há rostos que se repetem ano após ano, pessoas até de fora da paróquia, do centro do Porto, ou de fora da cidade, mas pedem para ir. Muitos dos que vão não querem ser identificadas no seu problema familiar, ou até falar sobre isso, porque muitos filhos desconhecem até que o seu pai ou mãe estão ali. O pároco rejeita qualquer tipo de caridade publicitária, “porque a privacidade das pessoas tem de ser preservada”. A ceia de Natal ocorre no Patronato de Campanha, na Travessa da Corujeira de Baixo, no dia 24 a partir das 17h.

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