Para matar saudades e não só…

A visita à Baviera nas palavras do Papa Qualquer viagem do Papa é antecedida por uma grande especulação relativamente aos motivos e aos principais temas que serão abordados nesses dias. A verdade é que, no caso da visita à Baviera, foi o próprio Bento XVI, em entrevista concedida à Bayerischer Rundfunk (ARD), ZDF, Deutsche Welle e Rádio Vaticano, a explicar porque vai sair da Itália pela quarta vez desde o início do seu pontificado. “O motivo da visita consiste exactamente no meu desejo de ver, uma vez mais, os lugares e as pessoas junto das quais eu cresci, que me marcaram e fazem parte da minha vida; pessoas às quais desejo agradecer”, referiu o Papa, admitindo as naturais “saudades” de quem vive longe há várias décadas. A visita, de cunho pessoal, tem um dia reservado exclusivamente para Bento XVI, família e amigos, sem momentos públicos. Isso não quer dizer, obviamente, que o Papa não queira levar uma mensagem que fale aos seus conterrâneos e chegue a quem o acompanha em todo o mundo. “O tema fundamental é que nós devemos redescobrir Deus, e não um Deus qualquer, mas o Deus com feições humanas, porque quando vemos Jesus Cristo, vemos Deus”, explicou, admitindo que não escolheu temas muito específicos. Bento XVI assinala que, na Alemanha e no Ocidente, acreditar “tornou-se mais difícil”, pelo que deseja que esta visita venha a ser “uma oportunidade para que se veja que acreditar é belo, que a alegria de uma grande comunidade universal significa um apoio, que por detrás dela existe algo de importante”. As implicações ecuménicas da viagem, como não poderia deixar de ser, também estarão sob a atenção de todos. “A primeira coisa a fazer, nesta sociedade, é preocuparmo-nos, todos juntos, em tornar claras as grandes orientações éticas, encontrá-las nós mesmos e traduzi-las, de modo a garantir a coesão ética da sociedade, sem a qual ela não pode realizar os fins da política, que são a justiça para todos, a boa convivência e a paz”, indicou o Papa. “Devemos mover-nos nestes dois planos: o plano das grandes referências éticas, e aquele que mostra – a partir do interior dessas referências e orientando-se em direcção às mesmas – a presença de Deus, de um Deus concreto”, aponta. A imagem que o mundo tem do Papa alemão e dos seus compatriotas tem estado a mudar nos últimos tempos e o próprio Bento XVI assegura que “os alemães não são apenas reservados, pontuais e disciplinados, mas são também espontâneos, alegres e hospitaleiros”.

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