Paquistão: Violência sobe de tom a favor da «lei da blasfémia»

Fundação Ajuda a Igreja que Sofre realça aumento da repressão contra cristãos por parte de «setores radicais» da comunidade muçulmana

Lisboa, 06 jan 2017 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) deu hoje conta de um extremar de posições no Paquistão a favor da lei da blasfémia, que prevê prisão e pena de morte para quem blasfemar contra Maomé.

Segundo a página online daquele organismo ligado à Santa Sé, o apoio a esta lei por parte “de setores radicais” da comunidade muçulmana tem vindo a subir de tom, numa altura em que está na ordem do dia o caso de Asia Bibi.

Uma mulher paquistanesa cristã que permanece encarcerada há sete anos por alegadamente ter desrespeitado o Islão.

Asia Bibi enfrenta a pena de morte e aguarda neste momento a decisão sobre um “recurso” interposto no Tribunal de Justiça do Paquistão.

De acordo com a AIS, ainda na última quarta-feira “a polícia paquistanesa de Lahore prendeu cerca de 150 ativistas muçulmanos radicais que procuravam mobilizar a população local em defesa da lei da blasfémia”.

Os detidos em causa “procuravam atacar” um grupo de pessoas que estavam a preparar “uma vigília” em memória do governador Salman Taseer, morto há seis anos por “defender publicamente a inocência de Asia Bibi”.

Na altura, aquele responsável defendia que “esta lei precisava de ser urgentemente reformada”.

O homem responsável pelo assassinato de Taseer, o seu guarda-costas, de nome Mumtaz Qadri, já foi entretanto condenado e executado pelo crime mas tem sido aclamado “como um verdadeiro herói do Islão”.

Todos os anos, cerca de uma centena de pessoas, muitas delas cristãs, são acusadas e condenadas por ofensas a Maomé, no Paquistão.

Recentemente, o filho de Salman Taseer, Shaan Taseer, foi também acusado de blasfémia por radicais islâmicos, por ter enviado uma mensagem a desejar “feliz natal” às comunidades cristãs e a pedir orações por todas as vítimas da referida lei.

O Paquistão é um país de maioria muçulmana e os cristãos não ultrapassam 1 por cento da população.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre salienta que a lei da blasfémia é o pior instrumento de repressão religiosa contra as minorias religiosas presentes naquele território.

Em causa está o artigo 295, B e C, do Código Penal do Paquistão. A secção B refere-se a ofensas contra o Alcorão que são puníveis com prisão perpétua; a secção C refere-se a atos que enxovalham o profeta Maomé, puníveis com prisão perpétua ou com a morte.

JCP

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Agência ECCLESIA

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