Em causa está a chamada «lei da blasfémia», muitos vivem agora como refugiados e em «condições miseráveis»
Lisboa, 16 set 2015 (Ecclesia) – Pelo menos 16 mil cristãos deixaram o Paquistão nos últimos meses, segundo a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), devido ao clima de repressão e intolerância religiosa que marca aquele país.
Numa nota divulgada através do seu site oficial, a fundação ligada à Santa Sé realça que “mais de 10 mil cristãos paquistaneses procuraram refúgio na Tailândia, outros 4 mil na Malásia e dois mil no Sri Lanka”, na tentativa de escaparem à repressão por parte da comunidade muçulmana, favorecida pela chamada “lei da blasfémia”.
Em causa está o artigo 295, B e C, do Código Penal paquistanês, cuja secção B refere-se a ofensas contra o Alcorão que são puníveis com prisão perpétua; e a secção C a atos que enxovalham o profeta Maomé, puníveis com prisão perpétua ou com a morte.
A coberto desta legislação, muitos cristãos têm sido perseguidos e presos no Paquistão, como Asia Bibi, mãe de cinco filhos que permanece encarcerada há mais de cinco anos.
O caso remonta a Junho de 2009, quando mulheres muçulmanas que trabalhavam com Asia Bibi foram ver um responsável religioso e acusaram a cristã de proferir blasfémias contra o profeta Maomé.
Muitos dos que conseguiram escapar para outros países confrontaram-se também com mais dificuldades, já que sem vistos de trabalho têm sobrevivido “em condições miseráveis”.
David Alton, membro do Grupo Parlamentar britânico para a liberdade religiosa e de crença, esteve recentemente de visita à Tailândia e alertou para o facto dos centros de acolhimento aos cristãos paquistaneses estarem “superlotados”.
Aquele responsável denunciou ainda, segundo a AIS, que pelo menos “oito cristãos paquistaneses, que pediram asilo às autoridades tailandesas, morreram por falta de cuidados médicos”.
JCP