Maior diocese do país tem sido palco de diversos ataques a casas e igrejas das comunidades cristãs
Lisboa, 15 fev 2014 (Ecclesia) – O novo arcebispo de Lahore, no Paquistão, diz que vai dedicar a sua ação à busca de “justiça e de paz”, algo que o seu país “precisa desesperadamente”.
D. Sebastian Shaw tomou posse esta sexta-feira, numa cerimónia presidida pelo núncio apostólico (representante diplomático) da Santa Sé no Paquistão, arcebispo Edgar Pena Parra.
Em declarações à Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), organismo católico dependente do Vaticano, o novo responsável episcopal de Lahore sublinhou que o caminho para a paz, em termos sociais e religiosos, passa em primeiro lugar por criar condições para que as pessoas “se respeitem umas às outras”.
“É preciso perceber que aqui as pessoas são todas paquistanesas, quer sejam muçulmanos, cristãos, sikhs ou hindus”, apontou D. Sebastian Shaw.
A diocese de Lahore é a maior do Paquistão, contando neste momento com cerca de 600 mil fiéis, quase metade do número total de católicos existentes no país.
Aquela região foi palco, no último ano, de diversos ataques a casas e igrejas das comunidades cristãs.
Os atos de violência estão sobretudo relacionados com a lei da blasfémia e com o artigo 295 do Código Penal paquistanês.
A secção B do acórdão refere que ofensas contra o Corão serão puníveis com prisão perpétua; a secção C determina que atos que enxovalhem o profeta Maomé serão puníveis com prisão perpétua ou com a morte.
Em diversos casos envolvendo cristãos e outras minorias religiosas, apesar das investigações refutarem a existência de ofensas ou blasfémias, a maioria muçulmana resolve fazer justiça pelas próprias mãos.
D. Sebastian Shaw, que já acompanha a diocese de Lahore desde 2011, tem apelado à comunidade internacional para que intervenha e trave a aplicação da lei, tal como ela está concebida.
O arcebispo pediu também, nesta entrevista à AIS, que todas as comunidades paquistanesas o ajudem a cumprir a sua missão, com “coragem e fé”.
JCP