Paquistão: «Não há segurança para as minorias religiosas», alerta dirigente cristão, após episódios de falsas acusações de blasfémia

Joel Amir Sohatra relata que «incidentes aumentam de dia para dia»

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 12 jun 2024 (Ecclesia) – Joel Amir Sohatra, antigo membro do Parlamento Provincial do Punjab e destacado dirigente cristão paquistanês, alertou para a falta de segurança das minorias religiosas no país, na sequência de casos que envolvem falsas acusações de blasfémia.

“É muito fácil acusar alguém e depois matá-lo. Isto continua a acontecer e os incidentes aumentam de dia para dia. Sinceramente, não há segurança para as minorias religiosas. Nem sequer há esperança de proteção no futuro”, afirmou, numa mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Em causa está um episódio que envolveu Nazir Gill Masih, um cristão que morreu a 3 de junho num hospital do Paquistão, depois de ser violentamente espancado em Sargodha, sob a falsa acusação de ter queimado as páginas do Corão.

Joel Amir Sohatra conta que o homem de 70 anos tinha “um pequeno negócio de fabrico de calçado” e, por ser cristão, e de forma a “impedir o negócio, os seus rivais acusaram-no de ter queimado o Corão”.

“Infelizmente, não é a primeira vez que isto acontece no Paquistão”, denuncia o dirigente cristão.

Segundo o antigo membro do Parlamento Provincial do Punjab, o ataque foi “organizado” pelos extremistas do TLP, Tehreek Taliban Pakistan, talibãs paquistaneses.

“De acordo com o relatório da Comissão dos Direitos do Homem do Paquistão, o ataque foi perpetrado pelo TLP e o Governo manipulou os meios de comunicação social nacionais para não fazer a cobertura nem publicar o triste incidente na imprensa e nos media”, informa.

“Condenamos veementemente este ato de violência. Apoiamos todas as vítimas da intolerância religiosa e continuaremos a trabalhar para garantir a justiça e a harmonia na nossa sociedade”, destacou o cristão na mensagem enviada para Lisboa.

A este caso, junta-se outro mais recente em que uma mulher, Jamila Jacob, foi presa no dia 4 de junho, por uma denúncia semelhante, adianta a FAIS.

“Só Deus pode fazer algo por nós”, escreveu Joel Amir Sohatra.

O dirigente cristão descreve o clima de medo e insegurança vivido pela minoritária comunidade cristã.

“Sentimo-nos realmente indefesos e estranhos no nosso próprio país, a terra pela qual os nossos antepassados deram a vida e se sacrificaram”, refere.

“A Constituição deu-nos liberdade de práticas religiosas e justiça para todos, mas tudo isso está apenas no papel, praticamente após sete décadas, pois ainda estamos a lutar para provar que somos pioneiros deste país. Agora, temos apenas uma esperança na nossa fé: de que só Deus pode fazer algo por nós”, acrescenta Joel Amir Sohatra.

LJ/OC

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