Paquistão: Mulheres cristãs alertam para discriminação social, exclusão e pobreza

Fundação pontifícia está a promover um programa para capacitação das mulheres «em situação particularmente difícil»

Lisboa, 22 jul 2021 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou para a “inquietante” vulnerabilidade das mulheres cristãs paquistanesas e está a promover um programa para a capacitação das que se encontram em “situação particularmente difícil”.

Na informação enviada à Agência ECCLESIA, o secretariado português da AIS partilha o testemunho de Ashia (nome fictício) que conseguiu entrar para a universidade, apesar das dificuldades económicas, o pai é varredor de rua e tem um ordenado de “10 mil rupias por mês, cerca de 53 euros”.

“Quando fui para a universidade sofri muitos atos de discriminação por parte dos meus professores e colegas, a tal ponto que não conseguia concentrar-me nos meus estudos”, disse a jovem cristã de 17 anos de idade.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre explica que o programa de capacitação das mulheres cristã em situação particularmente difícil apoia na maioria “estudantes ou trabalhadoras domésticas”, que vivem nas zonas suburbanas das grandes cidades paquistanesas.

“Deram-me uma nova esperança, prometi a mim mesma que não lhes daria outra oportunidade para destruírem o meu futuro. Vou estudar muito e mostrar às pessoas que Nosso Senhor está sempre connosco, e que nos dá força, e guia e protege”, acrescentou Ashia.

A estudante universitária Shazia [nome fictício] teve de abandonar o  segundo ano do Curso de Engenharia Informática para ajudar a família; O pai, condutor de riquixó, era o único sustento e a crise económica agravou-se com a pandemia.

“Comecei a trabalhar numa fábrica. Ganhava entre 8 a 10 mil rupias [cerca de 43 a 53 euros] por mês. Pensei que este era o meu destino e este ia ser o meu futuro”, observou, a jovem de 19 anos, acrescentando que com o programa da AIS “nasceu uma nova esperança” na sua vida.

Segundo a fundação pontifícia, o apoio moral e o encorajamento que os cursos estão a proporcionar são “muito relevantes” para ajudar estas jovens mulheres cristãs a enfrentar o futuro num país “onde a religião pode ser um profundo fator de discriminação”.

No seu mais recente relatório sobre ‘Liberdade Religiosa no Mundo’, divulgado em abril, a Ajuda à Igreja que Sofre identifica que a “discriminação, blasfémia, rapto de mulheres e raparigas, e conversões forçadas continuam a assombrar a vida quotidiana das minorias religiosas” no Paquistão.

“O uso persistente de manuais escolares e currículos com conteúdo sectário contra xiitas e membros de minorias deixa pouca esperança para o futuro”, lê-se ainda no relatório da AIS.

O Paquistão é um país, “cada vez mais, infestado por grupos radicais islâmicos”, o “Tehrik-e-Taliban Pakistan” e os seus grupos associados constituem “a maior ameaça à segurança interna do país”.

Os cristãos são uma das minorias religiosas mais perseguidas e representam cerca de 1,9% da população.

CB

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