Paquistão: Minoria cristã recusa ser silenciada, diz presidente da Conferência Episcopal

D. Joseph Coutts uniu-se a milhares de pessoas em oração pelos cristãos perseguidos na Ronda da Lapinha

Lisboa, 22 jun 2015 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, D. Joseph Coutts, disse à Agência ECCLESIA que a minoria católica neste país se recusa a ficar “calada”, apesar de todas as dificuldades que enfrenta.

“Posso dizer, com orgulho, que não somos uma minoria silenciosa ou escondida, nós contribuímos para o bem do país”, assinalou.

O prelado dá como exemplo as escolas, hospitais e clínicas católicas, bem como o trabalho realizado junto das pessoas com deficiência, toxicodependentes e marginalizados.

“O trabalho que fazemos é para todos”, explicou.

D. Joseph Coutts vem a Portugal num momento particularmente delicado para os católicos paquistaneses por causa dos episódios que envolvem a chamada ‘lei da blasfémia’, com acusações que acabam por ser um rastilho de violência contra cristãos e outras minorias.

Segundo o arcebispo, “a própria lei, a forma como está formulada, é o problema” e o Governo, após muitos anos de protestos, “começa a aperceber-se disso”.

A mudança tem de começar “nos líderes islâmicos”, para que todos se apercebam de que a lei “precisa de mudanças”, contrariando todas as manifestações de fanatismo, diz D. Joseph Coutts.

O presidente do episcopado católico no Paquistão fala numa “Igreja pobre”, que precisa da ajuda material e espiritual de outras comunidades católicas.

A Portugal, o responsável traz ainda o testemunho de viver como cristão num país muçulmano que se está a tornar “cada vez mais islâmico” nos últimos anos.

“Como cristãos, não somos cidadãos de segunda classe, não somos imigrantes, temos tantos direitos como os outros”, observa.

O arcebispo de Karachi está em Portugal a convite da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) e participou este domingo na Ronda da Lapinha, em Guimarães, que este ano reuniu 15 mil pessoas em oração pelos cristãos perseguidos no mundo.

“Não sabemos quando será o próximo ataque contra uma igreja, ou quando e onde o próximo cristão vai ser falsamente acusado de blasfémia e condenado à morte”, alertou o arcebispo de Karachi, em Guimarães.

D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, destacou o facto de a Ronda da Lapinha ter sido realizada com esta intenção particular de intercessão de Nossa Senhora pelos cristãos perseguidos.

“Há cristãos espalhados pelo mundo inteiro que, por fidelidade à fé, arriscam a vida e muitos morrem mesmo”, assinalou.

AIS/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top