Paquistão: Menina com síndrome de Down foi presa por alegadamente ter queimado livro islâmico

Bispo confirma situação e pede contenção verbal para evitar episódios de violência contra cristãos

Lisboa, 20 ago 2012 (Ecclesia) – Um menina de 11 anos, com síndrome de Down, foi detida em Islamabad, Paquistão por alegadamente ter queimado páginas de um livro com passagens do Corão, informou uma organização cristã do país.

A “Christians in Pakistan” denunciou a detenção da menina através da sua página na internet, referindo que a menor foi presa na zona de Umara Jaffar, na capital paquistanesa.

O bispo de Islamabad-Rawalpindi, D. Rufin Anthony, confirmou hoje a detenção, em declarações à agência católica AsiaNews, sublinhando que a pequena Rimsha Masih “não fez nada de propósito” e se encontra agora “traumatizada”.

O prelado afirmou ainda que o comportamento de alguns ativistas dos Direitos Humanos foi “imaturo”, colocando em risco mais de 600 famílias cristãs que, em muitos casos, se colocaram em fuga, procurando locais mais seguros.

“Muitos utilizadores das redes sociais não compreendem que os seus comentários têm um impacto que nem sequer são capazes de imaginar”, alerta.

Paul Bhatti, conselheiro especial do primeiro-ministro do Paquistão para a harmonia nacional, refere, por sua vez, que a situação “está sob controlo” e que espera “desenvolvimentos positivos”.

Este responsável convocou os líderes religiosos muçulmanos e pediu a sua colaboração para evitar incidentes violentos contra a comunidade cristã.

Segundo a fundação pontifícia ‘Ajuda à Igreja que Sofre’, a lei da blasfémia tem sido utilizada várias vezes pelas autoridades para atingir indivíduos de grupos religiosos minoritários.

Em causa está o artigo 295 do Código Penal paquistânes: a secção B refere-se a ofensas contra o Alcorão que são puníveis com prisão perpétua; a secção C refere-se a atos que enxovalham o profeta Maomé, puníveis com prisão perpétua ou com a morte.

Um dos casos mais polémicos é o de Asia Bibi, acusada também de blasfémia a condenada à pena de morte em novembro de 2010, que ainda não se concretizou apenas por se ter desencadeado uma enorme campanha internacional para a sua libertação imediata.

A situação remonta a junho de 2009, quando mulheres muçulmanas que trabalhavam com Asia Bibi foram ver um responsável religioso e acusaram a cristã de proferir blasfémias contra o profeta Maomé.

OC

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Agência ECCLESIA

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