Paquistão: Família cristã atacada «violentamente» sob «falsa acusação de blasfémia» que envolve queima de páginas do Corão

Fundação AIS denuncia caso de violência que levou ao espancamento de cristão, que se encontra em estado grave no hospital

Fonte: AIS

Lisboa, 28 mai 2024 (Ecclesia) – Uma família cristã foi “violentamente atacada” no Paquistão, no último sábado, na sequência de “uma falsa acusação de blasfémia” relacionada com a queima de páginas do Corão, informou hoje a Fundação à Igreja que Sofre (AIS).

O episódio de violência aconteceu entre as 7h e 8h, quando uma multidão de extremistas muçulmanos atacou a família, saqueando e incendiando a fábrica e a casa, e espancou Nazir Gill Masih, proprietário de uma fábrica de calçado na colónia de Gillwala Mujahid em Sargodha, Punjab, sobre quem recaiam as acusações acerca do livro sagrado muçulmano.

Segundo a fundação pontifícia, embora dez membros da família tenham conseguido escapar, Nazir Gill Masih foi “cruelmente espancado antes de a polícia ter chegado e conseguido afastá-lo da multidão”, tendo sido depois “levado para o hospital para receber cuidados médicos urgentes”.

A falsa acusação deu origem a uma nova vaga de terror contra os cristãos, segundo informações recolhidas pela organização internacional AIS.

O diretor executivo da Comissão Nacional (Católica) Justiça e Paz, Naeem Yousaf Gill, refere que “os ataques foram provavelmente motivados por rivalidades comerciais e disputas pessoais.

“Os motivos finais tornar-se-ão mais claros após uma investigação”, declarou.

“Fiquei chocado e muito triste ao saber do ataque. Este incidente foi desumano. Fui imediatamente a Sargodha porque fica na minha diocese e tinha de estar com o meu povo, encorajar o meu povo e os meus padres, e falar com as autoridades para ver se estão a fazer uma investigação justa dos incidentes”, afirmou o arcebispo de Islamabad-Rawalpindu, no Paquistão.

D. Joseph Arshad, que visitou Sargodha no dia dos incidentes, falou em conversa telefónica com a Fundação AIS, e impeliu o Governo a adotar políticas rigorosas para evitar incidentes extremistas e violentos e para garantir a segurança da comunidade cristã.

“Ninguém pode fazer justiça pelas próprias mãos, e é isso que está a acontecer no Paquistão. Devem introduzir políticas para garantir que tais incidentes não voltem a acontecer”, apelou.

O responsável católico dá conta que “a situação está agora sob controlo, mas a população cristã continua com medo”, sendo que “a maior parte deles partiu para ficar com outros familiares.

“A Cáritas estará a postos se precisarem de apoio”, garantiu.

Nazir Gill Masih encontra-se na unidade de cuidados intensivos, em estado crítico, confirmaram diversas fontes à Fundação AIS, que recebeu vídeos e imagens de um idoso “ensanguentado e inconsciente”.

“Um outro homem que tentou salvar Nazir também foi espancado pela multidão”, revela Naeem Yousaf Gill, que explica que “o resto da família não foi ferida e está agora sob custódia da polícia”.

“O papel da comunidade internacional e dos meios de comunicação social é essencial para pressionar o Paquistão a proteger as suas minorias religiosas da mentalidade extremista”, alertou o sobrinho de Nazir Masih, Shadid Mobeen.

No Paquistão, a blasfémia é um crime capital e pode ser punido com a morte ou com prisão perpétua.

“No entanto, a blasfémia é frequentemente utilizada de forma abusiva para fazer falsas acusações e as multidões tomam o assunto nas suas próprias mãos e lincham os suspeitos”, alerta a FAIS.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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