“A lei da blasfémia deve ser eliminada quanto antes. Ela ofende o Islão e é uma vergonha para o Paquistão”. Foi o que disse Ashgar Ali Engineer, muçulmano indiano e perito no Islão, que numa entrevista à AsiaNews exprime toda a sua solidariedade às comunidades cristãs vítimas da violência no Punjab, durante os últimos dias.
A conhecida lei da blasfémia, que chega condenar à morte qualquer pessoa que ofenda o Alcorão e o profeta Maomé, foi introduzida no Paquistão pelo ditador Zia-ul-Haq nos anos 80. Desde então, a mesma tornou-se fonte de contínuas violências contra os cristãos e fiéis de outras religiões.
Acusações muitas vezes falsas e motivadas por interesses mesquinhos geram escândalos e impulsionam multidões a fazer justiça com as próprias mãos. Mesmo com base na acusação de uma só pessoa, os acusados correm risco de violência e tortura por parte da polícia.
Diversos juízes – sob pressão de multidões, instigadas por líderes religiosos locais – decretaram a pena de morte, sem prova alguma contra os acusados.
Recentemente, no Punjab, verificaram-se 3 casos de “blasfémia”: em Koriyan e Gojra um grupo de cristãos foi massacrado sob falsas acusações; oito pessoas foram queimadas vivas. Já em Muridke, o proprietário de uma fábrica, junto com outras duas pessoas, foi assassinado. Em Sanghar uma mulher correu perigo de ser morta, acusada de blasfémia por um comerciante impaciente para que a mesma pagasse as suas dívidas.
Desde a sua introdução, em 1986, até hoje, a lei causou a morte de 25 pessoas.