Paquistão: Bispos querem que ministro assassinado seja proclamado mártir

Shahbaz Bhatti, católico, distinguiu-se pela defesa das minorias religiosas

Multan, Paquistão, 07 Mar (Ecclesia) – A Conferência Episcopal do Paquistão vai analisar a proposta de pedir formalmente à Santa Sé o reconhecimento, como “mártir”, do ministro católico Shahbaz Bhatti, assassinado a 2 de Março.

Segundo a Agência Fides, do Vaticano, o tema vai ser discutido na próxima assembleia geral do episcopado católico do Paquistão, de 20 a 25 de Março.

Andrew Francis, bispo de Multan e presidente da Comissão Episcopal para o Diálogo Inter-Religioso no Paquistão, redigiu a proposta e afirma que “Bhatti é um homem que deu a sua vida pela fé transparente em Jesus Cristo”.

“Cabe-nos a nós bispos relatar a sua história e a sua experiência à Igreja em Roma, para pedir um reconhecimento oficial do seu martírio”, acrescenta.

Este domingo, o Papa aludiu ainda ao assassinato do ministro para as minorias, do Paquistão, Shahbaz Bhatti, morto a tiro em Islamabad.

“Peço ao Senhor Jesus que o comovente sacrifício da vida do ministro paquistânes Shahbaz Bhatti desperte nas consciências a coragem o empenho para tutelar a liberdade religiosa de todos os homens e, assim, promover a sua igual dignidade”, declarou.

Bhatti, de 42 anos, era o único católico a ocupar um cargo político desta relevância, no Paquistão, uma nação maioritariamente muçulmana.

Andrew Francis assinala que a morte do ministro “foi uma grave perda”, lembrando-o como “um homem que viveu para promover valores do Evangelho como a compaixão, a unidade, a assistência aos marginalizados”.

“É nosso dever, no respeito da memória de Bhatti, continuar a promover incansavelmente o diálogo como instrumento para conhecer e apreciar o próximo e construir a paz”, acrescenta o prelado.

Grande defensor de um compromisso em favor da convivência pacífica, entre as comunidades religiosas do seu país, Bhatti ficou célebre por se opor à “lei da blasfémia”, do Código Penal paquistânes, que prevê a pena de morte para actos que enxovalhem o profeta Maomé.

O ministro foi morto à porta de casa, por quatro desconhecidos, apenas a alguns quilómetros de distância do local onde, há dois meses atrás, tinha sido assassinado o governador do Estado paquistanês do Punjab, Salmaan Tasser, outro forte opositor à referida lei.

Segundo o Relatório 2010 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a lei da blasfémia é o “pior instrumento de repressão religiosa” no Paquistão.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top