35 mil pessoas participaram em Missa presidida pelo Papa, que apontou à construção de «sociedade diferente»
Porto Moresby, 08 set 2024 (Ecclesia) – O Papa celebrou hoje a Missa dominical com 35 mil pessoas, na capital da Papua-Nova Guiné, com alertas contra atitudes de “egoísmo, indiferença” e de “ódio”, pedindo abertura aos outros.
“Também a vós, hoje, o Senhor diz: ‘Coragem, não temais, povo da Papua!’ Abre-te! Abre-te à alegria do Evangelho, abre-te ao encontro com Deus, abre-te ao amor dos irmãos”. Que nenhum de nós fique surdo e mudo perante este convite”, disse, na homilia da Eucaristia a que presidiu no Estádio Sir John Guise, nome do primeiro governador-geral da Papua-Nova Guiné, onde chegou em carro aberto, sendo saudado pela multidão.
Situada no sudoeste do Pacífico e a norte da Austrália, a Papua-Nova Guiné é um dos países com o índice de desenvolvimento humano mais baixo do mundo; os seus diferentes grupos étnicos falam mais de 800 dialetos.
O país, membro da Commonwealth, tem de 8,2 milhões de habitantes, 30,6% dos quais católicos, segundo dados do Vaticano; a maioria da população é cristã, sobretudo protestantes.
Francisco alertou os participantes na Missa para “uma surdez interior e uma mudez do coração”, que impedem a “relação com Deus e com os outros”.
“Isto é o mais importante: abrirmo-nos a Deus, abrirmo-nos aos irmãos, abrirmo-nos ao Evangelho e fazer dele a bússola da nossa vida”, recomendou.
Quando nos sentimos distantes, ou escolhemos manter-nos à distância – de Deus, dos irmãos, daqueles que são diferentes de nós – então fechamo-nos, encerramo-nos em nós mesmos e acabamos por girar apenas em torno do nosso eu, surdos à Palavra de Deus e ao grito do próximo e, por conseguinte, incapazes de falar com Deus e o próximo”.
A celebração, em inglês, tem orações em várias das línguas faladas no arquipélago.
Antes da Eucaristia, o Papa recebeu o primeiro-ministro da Papua-Nova Guiné, James Marape, para uma audiência privada, na Nunciatura Apostólica.
Mundiya Kepanga, considerado um dos líderes indígenas da Papua-Nova Guiné e chefe da tribo Huli, está presente na Missa; em maio deste ano foi recebido pelo Papa no Vaticano
Após a recitação do ângelus, no final da Missa, Francisco regressa à Nunciatura Apostólica, antes de nova deslocação de quase mil quilómetros até Vanimo, localidade no norte do país e no interior da selva, com cerca de 10 mil habitantes, para um encontro na Catedral da Santa Cruz e uma reunião privada com missionários, vários dos quais argentinos.
O último dia de Francisco na Papua-Nova Guiné, segunda-feira, é marcado pelo encontro com cerca de 20 mil jovens, de novo no Estádio Sir John Guise, pelas 09h45 locais (00h45 em Lisboa), antes da cerimónia de despedida no aeroporto internacional e a partida para Díli.
A viagem mais longa do atual pontificado, que começou na Indonésia (3-6 de setembro), passa pela Papua-Nova Guiné (6-9 de setembro), Timor-Leste (9-11 de setembro) e Singapura (11-13 de setembro).
OC
No final da Missa, o primeiro cardeal da Papua-Nova Guiné, D. John Ribat, arcebispo de Porto Moresby, dirigiu uma saudação ao Papa, recordando a chegada dos primeiros missionários católicos à ilha de Matupit, a 29 de setembro de 1882.
Desde então, várias congregações religiosas “difundiram a fé católica, prestando também cuidados de saúde e educação”. “Este desenvolvimento não se fez sem dificuldades. Houve momentos muito difíceis e duros, que envolveram violência, assassínios, destruição de bens e catástrofes naturais que resultaram na perda de vidas. Rezamos sempre pela paz, renovação, cura e bênçãos”, referiu o cardeal. D. John Ribat saudou Francisco pela sua visita “maravilhosa e enriquecedora”. Esta é a terceira viagem de um Papa ao país da Oceânia, onde São João Paulo II esteve em 1984 e 1995, tendo beatificado Pierre To Rot (1912-1945), mártir, morto durante a ocupação japonesa, na II Guerra Mundial. |