«Papamóvel» – 80 anos de ligação ao Vaticano

O “Papamóvel”, nome dado ao veículo que habitualmente transporta o Papa em percursos por enre a multidão, permitindo ver e ser visto, vai ser um dos principais meios de transporte usados na visita de Bento XVI a Portugal.

Apesar de só há alguns anos ter sido aplicado o termo «Papamóvel» para designar a viatura que transporta o Romano Pontífice, data de há 80 anos a ligação entre a marca de automóveis Mercedes e o Vaticano.

A ligação ao construtor alemão começou em 1930 com Pio XI, refere o semanário “AutoFoco”, que dedicou duas páginas da sua última edição aos automóveis fabricados exclusivamente para os Papas.

Os veículos incluem equipamentos habituais nos automóveis de Estado, como bancos em pele, comandos eléctricos e climatização especial, a que foram sendo acrescentados elementos distintivos do Vaticano.

Durante cinquenta anos, os “papamóveis” foram limusinas de cor preta, que apesar de serem adaptadas de modelos de série, incorporavam tecnologia de ponta, como foi o caso do primeiro veículo fornecido pela Mercedes, um modelo Nürburg com vidros que não se fragmentavam.

Três décadas mais tarde, a segunda viatura adquirida pelo Vaticano – destinada a João XXIII – já contava com uma cadeira accionada electricamente, ar condicionado e rádio.

Os veículos que se seguiram não se destacavam exteriormente dos modelos de topo de gama da marca de Estugarda, tendo ao longo dos anos ganho tecto de abrir e, mais tarde, capota removível.

Depois do atentado a João Paulo II, ocorrido em Roma a 13 de Maio de 1981, as viaturas passaram a ser blindadas.

Na década de 1980 os “papamóveis” foram sujeitos a uma transformação radical: os engenheiros da Mercedes conceberam as novas viaturas praticamente de raiz, com base nos todo-o-terreno da marca, a denominada “Classe G”, o que possibilitou a inclusão de uma cúpula de plástico transparente removível, associada a um sofisticado sistema de iluminação e climatização.

É a partir desta altura que os “papamóveis” começam a ser pintados de branco, mas o preto manteve-se para as viaturas concebidas a partir das limusinas.

Em 2002, a garagem da Santa Sé recebeu a oferta do modelo ML 430, derivado da gama de “SUV” (utilitários desportivos que exteriormente se assemelham a carrinhas sobrelevadas), com cobertura de plástico transparente à prova de bala.

É este o “papamóvel” de 272 cavalos e transmissão automática que Bento XVI vai usar em Lisboa no dia 11 de Maio, do aeroporto até à Nunciatura Apostólica, daqui até ao Terreiro do Paço, e de regresso à representação diplomática da Santa Sé.

O veículo, com as armas do Vaticano pintadas nas portas, banco em pele e barras horizontais que permitem ao Papa segurar-se quando está de pé, será novamente utilizado a 12 de Maio, no trajecto entre o Estádio Municipal de Fátima e o Santuário e nas deslocações no Santuário.

O “papamóvel” volta a fazer-se à estrada no dia 14, no percurso que se inicia no Regimento de Artilharia da Serra do Pilar, em Gaia, junto à Ponte do Infante, e termina na Avenida dos Aliados, na cidade do Porto.

Há cerca de dois anos e meio, em Dezembro de 2007, o Vaticano recebeu um todo-o-terreno sem capota destinado a ser usado quando as condições climatéricas e de segurança permitem trajectos ao ar livre.

A matrícula das viaturas usadas pelos Papas é habitualmente “SCV 1”, significando “Stato della Città del Vaticano” (designação, em italiano, de “Estado da Cidade do Vaticano”), com o algarismo a representar a posição do Papa na hierarquia da Igreja Católica.

Portugal também teve o “seu” “papamóvel”: tratava-se de um todo-o-terreno da extinta marca UMM, de cor branca, que foi usado por João Paulo II em 1991, na sua deslocação à Madeira.

O veículo voltou a ser utilizado há sete meses para transportar a Imagem Peregrina da Senhora de Fátima desde o Aeroporto da Madeira e vai levá-la de novo ao avião quando regressar ao Santuário.

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