Iniciativa marcada para o próximo dia 21, em Roma
Cidade do Vaticano, 15 mar 2014 (Ecclesia) – O Vaticano anunciou hoje que o Papa Francisco se vai encontrar em Roma, na próxima sexta-feira, com membros de uma associação que apoia vítimas de redes mafiosas.
Francisco vai falar com os participantes e presidir à vigília de oração num encontro promovido pela Fundação ‘Libera’, presidida pelo padre Luigi Ciotti, pelas 17h30 [menos uma em Lisboa], na igreja de São Gregório VII da capital italiana.
A nota de imprensa da Santa Sé precisa que o encontro é “dedicado às vítimas inocentes das máfias” e decorre na véspera da 19ª ‘Jornada da Memória e do Compromisso”, convocada para a cidade italiana de Latina.
Cerca de 700 pessoas vão representar 15 mil familiares de pessoas assassinadas, feridas ou que foram vítimas de extorsão por diversas organizações criminosas na Itália.
O padre Ciotti disse ao portal de notícias do Vaticano que é “muito bonito” que o Papa se tenha disponibilizado para participar na leitura de “todos os nomes das vítimas, neste 21 de março, primeiro dia da primavera”, elogiando ainda a disponibilidade “imediata” de Francisco.
No último dia 26 de janeiro, o Papa referiu-se no Vaticano ao recente assassinato de uma criança italiana Nicola ‘Cocò’ Campolongo, que foi queimado dentro de um carro, na Calábria (Itália), num ajuste de contas da Mafia local, algo “que parece não ter precedentes na história da criminalidade”, e pediu orações pela vítima e pela conversão dos autores do crime.
A 26 de março de 2013, o Papa prestou homenagem ao padre Giuseppe Puglisi, sacerdote assassinado pela Mafia siciliana em 1993 e que tinha sido beatificado no dia anterior, lembrando as redes mafiosas que escravizam e exploram seres humanos,
“Penso nas muitas dores, de homens e mulheres, também crianças, que são explorados por tantas máfias, que os exploram obrigando-os a trabalhos que os tornam escravos”, como a prostituição, disse perante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
Segundo Francisco, “por trás destas explorações, destas escravidões, estão máfias”, pedindo orações para que Deus “converta o coração destas pessoas”.
“Não podem fazer isto, não podem transformar os nossos irmãos em escravos”, advertiu.
“Rezemos para que estes mafiosos e estas mafiosas se convertam”, insistiu.
O padre italiano Pino Puglisi foi beatificado em Palermo, numa cerimónia ao ar livre que reuniu cerca de 100 mil pessoas.
Em 2012, o Conselho Pontifício da Cultura promoveu na Sicília uma iniciativa de diálogo cultural e de sensibilização contra a Mafia.
‘Cultura da legalidade e sociedade multirreligiosa’ foi o tema escolhido para uma sessão do ‘Pátio dos Gentios’, estrutura destinada ao diálogo com os não crentes.
Bento XVI visitou a Sicília em outubro de 2010, tendo deixado por palavras e gestos simbólicos contra a Mafia, que qualificou como “um caminho de morte, incompatível com o Evangelho”.
Antes do regresso a Roma, no caminho para o aeroporto, o agora Papa emérito quis que o cortejo parasse em Capaci, no local onde aconteceu o atentado contra o juiz Giovanni Falcone, depositando ali uma coroa de flores e rezando em silêncio, em memória de todas as vítimas de organizações mafiosas e da criminalidade organizada.
OC