Papa toma posse da sua Catedral

Basílica de São João de Latrão recebe Bento XVI pela primeira vez Bento XVI, na qualidade de Bispo de Roma, toma posse no dia 7 de Maio da Basílica Patriarcal de São João de Latrão, a Catedral da Diocese romana e considerada a igreja-mãe de todas as igrejas católicas. Esta será a primeira vez em que o Papa se sentará na sua cátedra – a “incatedratio” -, numa cerimónia dedicada ao Espírito Santo para implorar sabedoria. A posse da “Cathedra Romana” põe em destaque o papel de Pedro e dos seus Sucessores na orientação da Igreja. A cátedra, embora signifique materialmente trono ou cadeira episcopal, foi uma palavra utilizada em Teologia como símbolo da autoridade do ensinamento cristão, atribuído em especial à sede de Roma, que preside a todas as outras Igrejas. O rito da “incatedratio” tem um grande valor evocativo, que chama a atenção para a relação singular que une o ministério petrino à Diocese romana. A fórmula utilizado tem as suas origens nos Padres da Igreja e visa assinalar que o Papa é o “servo dos servos de Deus” e que está sentado no alto para vigiar o rebanho de Cristo, não para dominar. O Bispo de Roma é, ao mesmo tempo, o Sucessor de Pedro e, por isso, o “perpétuo e visível fundamento da unidade, não só dos Bispos, mas também da multidão dos fiéis” (LG, 23). A Basílica de S. João de Latrão é a mais antiga das quatro basílicas romanas conhecidas como patriarcais e é nela que o Papa celebra, todos os anos, a Eucaristia, na Quinta-feira Santa. Esta, e não a Basílica de São Pedro, é a Catedral do Papa: se as Igrejas cristãs estivessem unidas, cada um dos outros Patriarcas (Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Jerusalém) teria uma igreja ou Basílica em Roma. No Oriente, a partir do século V, foi-se difundindo a ideia da Pentarquia, segundo a qual, à cabeça da Igreja se encontram os cincos Patriarcas, com a Igreja de Roma a ocupar o primeiro lugar entre as Igrejas irmãs patriarcais. No Ocidente, contudo, não se desenvolveu a estrutura patriarcal, típica do Oriente. A Basílica de S. João de Latrão, da qual se celebra a 9 de Novembro o aniversário da “dedicação” ou consagração, ocorrida em 320, é, portanto, a catedral do Papa. Esta igreja é, assim, a “mãe e cabeça de todas as igrejas” como se lê no seu frontispício – “Omnium urbis et orbis ecclesiarum mater et caput”. Foi primeiramente dedicada a Cristo Salvador, cuja figura está no alto do frontispício da mesma, e mais tarde recebeu o título de S. João, pela dedicação a S. João Baptista e S. João Evangelista. Na última década do século XVII a Basílica, restaurada por Inocêncio X sob a direcção do arquitecto Borromini (1646-50) adquiriu a sua configuração actual, com uma fachada de 1700 desenhada por Alexandro Galilei, com cinco portas, uma para cada nave. A porta da direita é a Porta Santa que se abre nos anos jubilares. O lugar foi, em tempos, um recinto ocupado pelo palácio da família ou “gens Laterana”. O Imperador Constantino transformou o palácio para se transformar em basílica com cinco naves sustentadas por colunas, terminando num abside de forma circular. Da antiga igreja dos tempos de Constantino restam muito poucas coisas, pois foi saqueada pelos vândalos, sofreu um terremoto e dois incêndios. Parece que o mosaico do abside representando Cristo no meio de nove anjos é ainda dos tempos da Basílica constantina. O altar original não era de pedra nem continha relíquias de mártires, como os outros altares de Roma, dado que nesse altar só o Papa celebrava missa. O altar de madeira revestido de bronze está, actualmente, dentro de uma caixa de mármore. No dia 25 de Novembro de 1999, após ter aberto a Porta Santa na Basílica de São Pedro, João Paulo II abriu da Catedral do Bispo de Roma. Ali, em 1300, o Papa Bonifácio VIII deu solene início ao primeiro Ano Santo da história. Também ali, no Jubileu de 1423, o Papa Martinho V abriu pela primeira vez a Porta Santa. Nessa igreja tiveram lugar, ao longo de 16 séculos, acontecimentos de capital importância para a vida da Igreja. Nela foram realizados cinco concílios ecuménicos de 1123 a 1527: em 1123 para resolver a questão das Investiduras, ou seja, provimento em algum cargo eclesiástico por parte do poder civil; em 1139, sobre questões disciplinares; em 1179 para tratar da forma de eleição do Papa; em 1215, o mais famoso, por Inocêncio III sobre a transubstanciação, a confissão e comunhão na Páscoa. Até a construção do Vaticano o Santo Padre morava no Palácio Lateranense que é anexo a Basílica de mesmo nome. Quando os Papas voltaram de Avinhão, foram viver no Vaticano. Hoje no Palácio de Latrão vive o Cardeal Vigário de Roma. Ali se realizou em 1929 o tratado de paz entre o Vaticano e a Itália (Tratado de Latrão).

Partilhar:
Scroll to Top