Papa: «Só uma Igreja que é mãe pode falar de Deus à humanidade»

Vaticano está a acolher até sexta-feira o Jubileu dos Sacerdotes, inserido no Ano da Misericórdia

Cidade do Vaticano, 02 jun 2016 (Ecclesia) – O Papa destacou hoje, no primeiro dia do Jubileu dos Sacerdotes, a necessidade de uma Igreja Católica capaz de olhar para a humanidade na “totalidade” e de “intuir” o que ela mais precisa.

“Só uma Igreja que é mãe para os homens e mulheres que vão bater à sua porta é que será capaz de lhes falar de Deus”, disse Francisco aos sacerdotes e seminaristas, numa das sessões de exercícios espirituais que marcaram esta quinta-feira, na Basílica de Santa Maria Maior.

O Jubileu dos Sacerdotes, que decorre até esta sexta-feira no Vaticano, está inserido no Ano da Misericórdia que o Papa argentino convocou para a Igreja Católica e que está a decorrer em todas as dioceses do mundo até ao próximo mês de novembro.

Na reflexão proposta aos sacerdotes, Francisco recorreu ao exemplo de Maria, cujos “olhos são o melhor recipiente da misericórdia”.

“No sentido em que é possível beber neles aquele olhar indulgente e bom de que todos temos sede”, explicitou.

O Papa lembrou aos padres a necessidade de estarem sempre disponíveis para as pessoas, com a consciência de que “há algo que irrepetível na pessoa que olha para a Igreja à procura de Deus”.

“Compete aos sacerdotes deixarem entrar esses olhares. Um sacerdote que se torna impenetrável ao olhar dos outros está fechado em si mesmo”, apontou Francisco.

A atenção e a abertura são qualidades indispensáveis para quem faz parte do clero, pois uma Igreja que “não se dá conta das necessidades das pessoas, nada tem para lhes oferecer”.

“A riqueza que temos só flui diante da pequenez dos que mendigam e tal encontro realiza-se precisamente no nosso coração de pastores”, complementou o Papa.

Os exercícios espirituais desta quinta-feira, inseridos no Jubileu dos Sacerdotes, terminaram com uma sessão na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde Francisco destacou a especial predileção que os padres deverão ter pelos mais carenciados.

“O cuidado pelos pobres é uma caraterística distintiva da Igreja Católica, sempre o foi”, apontou o Papa, lembrando o exemplo “criativo dos santos”.

“É esta caraterística que o nosso povo aprecia nos padres, nos sacerdotes que tratam dos pobres, dos doentes, dos pecadores, que ensina e corrige com paciência”, acrescentou.

No entanto, prosseguiu Francisco, o cuidado pelos pobres pressupõe também uma mente esclarecida quanto ao uso e ao propósito dos bens materiais, do dinheiro.

 “O nosso povo perdoa muitos defeitos nos padres, exceto o de serem apegados ao dinheiro, isso não perdoa. Não tanto pela riqueza em si, mas porque o dinheiro faz perder a riqueza da misericórdia”, sustentou.

Para o Papa, o apego ao dinheiro “mata o ministério” sacerdotal e transforma o padre num “mercenário”.

Esta sexta-feira, Francisco preside à Eucaristia de encerramento do Jubileu dos Sacerdotes, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a partir das 09:30 (menos uma hora em Lisboa), na Praça de São Pedro.

JCP

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