Papa saúda dinamismo da Igreja africana

Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos por um «novo ardor evangélico e missionário» Bento XVI entregou esta Quinta-feira aos presidentes das Conferências Episcopais nacionais e regionais de África e Madagáscar o documento de trabalho («Instrumentum laboris») da Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em Roma no próximo mês de Outubro. O momento da entrega, altamente simbólico, decorreu no final da Missa a que o Papa presidiu no Estádio Amadou Ahidjo, em Yaoundé. Bento XVI indicara anteriomente que este era o principal motivo que o levava até aos Camarões. Segundo o Papa, o tema do próximo Sínodo – “A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz” -, que aparece em continuidade com a «Ecclesia in Africa» , tem grande importância para a vida do vosso continente, naturalmente, mas também para a vida da Igreja universal”. Há catorze anos, no dia 14 de Setembro de 1995, João Paulo II assinava precisamente em Yaoundé, nos Camarões, a Exortação apostólica pós-sinodal «Ecclesia in Africa», depois do I Sínodo africano. O actual Papa, por seu lado, deixou hoje aos Bispos o «Instrumentum laboris», “fruto da vossa reflexão, feita a partir dos aspectos relevantes da situação eclesial e social do vosso país de origem”. O documento, assinalou, “reflecte o grande dinamismo da Igreja na África, mas também os desafios que a mesma deve enfrentar e que o Sínodo deverá examinar”. “Espero vivamente que os trabalhos da Assembleia Sinodal contribuam para fazer crescer a esperança nos vossos povos e no conjunto do continente; contribuam para infundir em cada uma das vossas Igrejas locais um novo ardor evangélico e missionário”, apontou, antes de rezar pelos “esforços de todos os «artífices» de reconciliação, de justiça e de paz”. Nos passados dias 23 e 24 de Janeiro reunia-se no Vaticano o conselho especial para a África da secretaria-geral do Sínodo dos Bispos, para finalizar redacção deste “Instrumento laboris”. “Se a I Assembleia especial, de 1994, insistiu sobre a Igreja – Família de Deus, é agora necessário promover a aplicação das indicações que surgiram, para dar respostas eficazes a uma África sedenta de reconciliação e em busca de justiça e de paz. Os conflitos locais e regionais, as evidentes injustiças e violências interpelam todos os homens de boa vontade e de maneira muito especial a Igreja”, referia na altura um comunicado do Vaticano. Entre as dificuldades evidenciadas destacam-se o etnocentrismo ou o tribalismo que muitas vezes está por detrás de outros problemas – conflitos, nepotismo e corrupção, impunidade. O entusiasmo que se gerou com a obtenção da independência por parte das nações africanos acabou por desaparecer, muitas vezes, por causa do falhanço de governos, de iniciativa política ou militar. Temas como as pandemias que atingem a África ou a escravidão também estarão presentes neste documento orientador, que propõe uma revisão do caminho feito desde o I Sínodo, de 1994. Em África, os católicos cresceram mais de 3% nos últimos anos, o que ultrapassa o crescimento da população total (2,5%). Estima-se que em 2050, três países africanos estejam entre as dez maiores nações católicas de todo o mundo: a República Democrática do Congo (97 milhões de católicos), o Uganda (56 milhões) e a Nigéria (47 milhões). A “explosão” do catolicismo na África subsaariana, ao longo do século XX, pode ser considerada como um dos maiores sucessos missionários na história da Igreja – embora deva ser sempre lida com atenção, como se lê neste dossier -, já que de uma população de 1,9 milhões de católicos, em 1900, se passou para 139 milhões. Segundo dados fornecidos pela agência missionária Fides, do Vaticano, quase metade dos baptismos de adultos em todo o mundo registam-se em África. África é mesmo um dos continentes em que se regista maior crescimento no número de padres, com um aumento na ordem dos 25% no período de 2000 a 2007. O “Bigard Memorial Seminary”, seminário regional para a Nigéria Ocidental e Oriental, com mais de 1100 candidatos ao sacerdócio, é o maior do mundo. Os bispos africanos estão conscientes de que não basta crescer, mas que tal crescimento tem de ser transformado em “qualidade de fé”, o que exige formar equipas pastorais. Outros desafios importantes – presentes na visita papal – são as relações com o mundo muçulmano e o fenómeno de alguns grupos e seitas de origem cristã.

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