Liberdade religiosa, abusos sexuais e diálogo ecuménico entre os temas a abordar
Bento XVI abriu esta Sexta-feira uma reunião de “reflexão e oração” com os membros do colégio cardinalício, no Vaticano, por ocasião do consistório para a criação de 24 novos cardeais, a 20 de Novembro.
Segundo o director da sala de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, a iniciativa visa “reflectir sobre os temas mais delicados que dizem respeito à Igreja contemporânea e ao ministério do Papa”.
O dia inicia-se com a abordagem de dois temas de discussão: a situação da liberdade religiosa no mundo e novos desafios, com introdução do Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone; e a liturgia na vida da Igreja, hoje, com introdução do prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Antonio Cañizares Llovera.
Depois de um almoço do Papa com os cardeais, o encontro vai discutir os casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero.
O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Joseph Levada, vai apresentar uma comunicação intitulada “Resposta da Igreja aos casos de abusos sexuais”.
O mesmo responsável vai falar sobre a constituição apostólica “Anglicanorum coetibus”, de Bento XVI, que abre portas ao regresso de grupos anglicanos descontentes à Igreja Católica.
O futuro cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e colaborador próximo do Papa, vai falar sobre os 10 anos da declaração “Dominus Iesus” (assinada pelo então cardeal Joseph Ratzinger), texto que trata da “unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja”.
Após cada intervenção, os cardeais podem manifestar-se livremente, na língua da sua escolha (inluindo o latim), sem limite de tempo.
Presentes no encontro estão dois portugueses, o cardeal José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, e o Patriarca de Lisboa, cardeal José Policarpo.
O último encontro do género aconteceu em 2007 e deve decorrer nos mesmos moldes, indica o padre Lombardi.
“O Papa participa, escuta muito atentamente, seja as intervenções previstas, seja aquilo que os cardeais presentes desejam dizer ou pedir, como explicação”, refere o porta-voz do Vaticano.
Quanto às intervenções previstas, o sacerdote italiano revela que se trata de “uma comunicação, informação, clarificação, reflexão sobre algumas questões, mas não um aprofundamento particularmente desenvolvido”.
No final dos trabalhos, o Vaticano deve divulgar um comunicado “informativo e sintético”.
O encontro acontece em vésperas do terceiro consistório do actual pontificado (o último aconteceu em Novembro de 2007), para a criação de 24 novos cardeais, 20 dos quais com direito a voto em eventual conclave para eleição de um Papa.
Depois desse dia, a Igreja Católica terá um total de 203 cardeais, 121 dos quais eleitores.
Qualquer cardeal é, acima de tudo, um conselheiro específico que pode ser consultado em determinados assuntos quando o Papa o desejar, pessoal ou colegialmente.