Francisco encontrou-se com refugiados junto ao local do Batismo de Jesus, na Jordânia
Lisboa, 24 mai 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco encerrou hoje na Jordânia o primeiro dia da sua viagem à Terra Santa com um apelo à paz e ao fim da violência na Síria, durante um encontro com refugiados deste país.
“Renovo o meu apelo mais veemente pela paz na Síria. Cessem as violências e seja respeitado o direito humanitário, garantindo a necessária assistência à população que sofre”, declarou o Papa, perante centenas de pessoas reunidas na igreja construída junto ao Rio Jordão, para evocar o local do Batismo de Jesus, incluindo dezenas de refugiados sírios e jovens com deficiência.
Francisco, cujos discursos têm sido traduzidos para árabe, depois de serem pronunciados por si em italiano, pediu que “Todos ponham de parte a pretensão de deixar às armas a solução dos problemas e voltem ao caminho das negociações”.
“Na realidade, a solução só pode vir do diálogo e da moderação, da compaixão por quem sofre, da busca de uma solução política e do sentido de responsabilidade pelos irmãos”, precisou.
Francisco deixou de lado o discurso que tinha preparado, durante alguns momentos, para afirmar que a raiz do mal está no “ódio” e na “avidez do dinheiro”, rezando para que "Deus converta os violentos".
“Quem está por detrás disto, quem dá as armas para continuar o conflito?”, questionou.
O Papa disse esperar que “prevaleçam a razão e a moderação e que a Síria reencontre, com a ajuda da comunidade internacional, o caminho da paz”.
“Deus converta os violentos e aqueles que têm projetos de guerra, aqueles que fabricam e vendem armas, e reforce os corações e as mentes dos operadores de paz e os recompense com todas as bênçãos”, observou.
A intervenção referiu-se aos conflitos no Médio Oriente e, em particular, à situação na Síria “dilacerada por uma luta fratricida que dura há três anos e já ceifou inúmeras vítimas, obrigando milhões de pessoas a tornarem-se refugiados e exilados noutros países”.
Francisco agradeceu à Jordânia pela “generosa hospitalidade” dada a um “número altíssimo de refugiados” provenientes da Síria e do Iraque, e elogiou a Cáritas pelo seu trabalho, sem qualquer discriminação de raça ou religião.
O Papa revelou ter desejado “ardentemente” encontrar-se com os que, “devido a conflitos sangrentos, tiveram de deixar as suas casas, e com os jovens que sofrem por causa da doença.
“Apesar das dificuldades da vida, sede sinal de esperança. Vós estais no coração de Deus e das minhas orações, e agradeço-vos pela vossa presença entusiasta e numerosa”, declarou.
A celebração de oração contou com a presença do príncipe jordano Ghazi bin Mhammad; antes do encontro na igreja, o Papa foi conduzido pelo rei da Jordânia, Abdullah II, numa visita ao local do Batismo de Jesus, ao longo das margens do Rio Jordão.
Francisco tocou e abençoou água, à imagem do que fez Paulo VI em 1964, naquela que foi a primeira viagem de um Papa moderno à Terra Santa, recolhendo-se numa oração silenciosa.
No livro de honra do santuário, o pontífice deixou uma mensagem em espanhol: ""Peço a Deus omnipotente e misericordioso que nos ensine a todos a caminhar na sua presença com a alma e pés descalços e o coração aberto à misericórdia divina e ao amor pelos irmãos"
O Papa Francisco vai regressar a Amã, ficando alojado na nunciatura apostólica (embaixada da Santa Sé).
OC