Papa rejeita acusação de violar a laicidade da Itália

Bento XVI manifestou-se hoje contra a ideia de que as suas intervenções a respeito da família e das questões da vida possam ser entendidas como uma violação à laicidade do Estado italiano. Recebendo, no Vaticano, os Bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI), o Papa falou das relações Igreja-Estado para frisar que “nas actuais circunstâncias, não cometemos nenhuma violação da laicidade do Estado por chamar a atenção para o valor que têm alguns princípios éticos fundamentais, não só de forma privada, mas pública”. Apelando à “grande herança cristã da Europa e, em particular, da Itália”, Bento XVI assegura que as tomadas de posição dos líderes da Igreja “contribuem para garantir e promover a dignidade da pessoa e o bem comum da sociedade”. Na semana passada, o Papa teve duas intervenções de fundo em defesa do matrimónio tradicional, nas quais criticava a legalização das uniões civis e entre homossexuais, que lhe mereceram as críticas do novo presidente da Câmara dos Deputados da Itália, o comunista Fausto Bertinotti. Bento XVI disse, hoje, que partilha com os Bispos da Itália “a sua solicitude pelo bem do país”. “A Igreja tem consciência que «a distinção entre o que é de César e o que é de Deus pertence à estrutura fundamental do cristianismo»”, disse o Papa, citando a sua primeira encíclica, “Deus caritas est” (nn. 28-29). Ponto principal da agenda de trabalhos da assembleia da CEI foi “a vida e o ministério dos padres, na óptica de uma Igreja que – recordou o Papa – deseja estar cada vez mais centrada na sua missão fundamental, evangelizadora”. A este propósito, Bento XVI recordou a necessidade, antes de mais, de uma atenta selecção dos candidatos ao sacerdócio, verificando as suas predisposições pessoais para assumir os empenhos do futuro ministério. O Papa exortou os Bispos a “nunca deixarem sozinhos (os seus padres) nas fadigas do ministério, na doença e na velhice, como também nas inevitáveis provações da vida”. “Caros irmãos Bispos, quanto mais estivermos próximos dos nossos padres, tanto mais eles, por sua vez, terão para connosco afecto e confiança, desculpando os nossos limites pessoais e acolhendo a nossa palavra, solidários connosco nas alegrias e nas dificuldades do ministério”, disse.

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