Papa reflecte sobre Deus e o amor

João foi a figura escolhida pelo Papa para prosseguir a sua reflexão sobre os Apóstolos de Jesus, iniciada com São Pedro. “Deus amor”, realidade no centro do Evangelho e das Cartas de S. João, foi o tema da catequese Papal na audiência geral desta semana. Dirigindo-se a milhares de peregrinos que enchiam completamente a Sala Paulo VI, no Vaticano, Bento XVI começou por recordar que o tema central dos escritos de S. João é o amor: “Deus é amor; quem está no amor permanece em Deus e Deus permanece nele”. “É muito difícil encontrar noutras religiões textos do género – observou o Papa. Tais expressões colocam-nos pois perante uma dado peculiar do cristianismo”. Mas João “não fala (do Amor e de Deus) de modo abstracto, como poderia acontecer quando se enfrenta um tema de carácter doutrinal e teórico”, sublinhou. Por sua natureza, o verdadeiro amor nunca é puramente especulativo, mas tem referência directa, real, verificável, em pessoas concretas”. Esta reflexão vem na linha do que o Papa escreveu na sua primeira encíclica, “Deus caritas est”. O amor cristão, segundo S. João, inclui três componentes, três fases, um movimento com três momentos diversos. Antes de mais o que diz respeito à nascente do Amor: o próprio Deus. Bento XVI fez notar que “João não se limita a descrever o agir divino, mas vai às suas raízes. Por outro lado, não pretende atribuir uma qualidade divina a um amor genérico, porventura impessoal”, mas sim pôr em evidência que “toda a actividade de Deus nasce do amor e é marcada pelo amor: tudo o que Deus faz, fá-lo por amor e com amor”. O segundo aspecto do amor de Deus, segundo João, é o facto de que “Deus demonstrou concretamente o Seu amor entrando na história humana mediante a pessoa de Jesus Cristo, incarnado, morto e ressuscitado por nós”. Ou seja: Deus “não se limitou a declarações verbais, mas empenhou-se mesmo e ‘pagou’ em primeira pessoa. Como escreve precisamente João: “Deus amou tanto o mundo (todos nós) a ponto de dar o seu Filho unigénito”. “Eis aonde chegou o amor de Jesus por nós: até à efusão do seu próprio sangue pela nossa salvação! O cristão, detendo-se em contemplação perante este ‘excesso’ de amor, não pode deixar de perguntar-se qual será a resposta que se impõe”, acrescentou. E é este “o terceiro momento da dinâmica do amor” – concluiu Bento XVI, na audiência geral desta quarta-feira: “de destinatários receptivos de um amor que nos precede e domina, somos chamados ao empenho de uma resposta activa que para ser adequada não pode deixar de ser uma resposta do amor. João fala mesmo de mandamento, referindo estas palavras de Jesus: ‘Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei, amai-vos assim também vós uns aos outros”. Jesus não se limita a repetir, com o Antigo Testamento: “Ama o teu próximo como a ti mesmo!”. “Jesus apresenta como motivo e norma do nosso amor a sua própria pessoa. É assim que o amor se torna mesmo cristão: dirigido a todos sem excepção, chamado a chegar até às últimas consequências, sem outra medida que não seja a de ser sem medida. Dirigindo-se em português aos peregrinos da nossa língua, o Papa resumiu a sua catequese: “Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os fiéis da paróquia de São Bernardo e restantes grupos de Portugal e do Brasil, com votos de que os vossos corações sejam inundados pelo amor de Deus, que se manifestou em Jesus Cristo. “Ele levou até ao extremo o seu amor por nós e disse: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei». O nobre amor de Jesus impele-nos a realizar coisas grandes e faz-nos desejar coisas sempre mais perfeitas. Modelo excelso disto mesmo é a Virgem Maria assunta ao Céu em corpo e alma, cuja festa nos preparamos para celebrar, pedindo-Lhe, para vós e vossas famílias, a abundância deste amor que nasce de Deus e não pode repousar senão em Deus”, concluiu. Redacção/Rádio Vaticano

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