Relançamento do processo de paz entre Israel e a Palestina e preocupação pelo êxodo dos católicos Bento XVI recebeu esta manhã o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. Do encontro privado, no Vaticano, saiu um agradecimento à comunidade internacional pelo apoio dado ao ” relançamento do processo de paz entre Israel e a Palestina”. Abbas encontrou-se ainda com o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, e com o Arcebispo Dominique Mamberti, Secretário do Vaticano para as relações com os Estados. Segundo um comunicado oficial da Santa Sé, no decorrer dos “cordiais colóquios” foi passada em revista a situação no Médio Oriente, destacando-se os esforços levados a cabo em favor do processo de paz. Quanto à situação interna na Palestina, foram referidas “as dificuldades encontradas pelos católicos e o valor do seu contributo para essa sociedade”. Há locais da Terra Santa em que a presença do Cristianismo vai desaparecer no espaço de uma geração. A poucos quilómetros de Jerusalém, a cidade de Belém – onde, segundo a tradição, nasceu Jesus -, está completamente rodeada por uma grande muralha de betão, a que vários responsáveis cristãos se referem como o “muro da vergonha”, comparando o seu impacto ao do Muro de Berlim. Esta barreira de segurança que os israelitas construíram na Cisjordânia separou, na prática, Belém e os territórios palestinianos do resto do mundo. Mais de 300 quilómetros de cimento e arame farpado – a construção ainda só vai a meio – são fortemente policiados por forças israelitas. A somar a esta situação estão as dificuldades criadas pelos cortes dos apoios internacionais ao governo local, liderado pelo Hamas. Lojas e outros espaços estão fechados, os serviços básicos estão seriamente afectados. Em Belém, o número de turistas baixou de 100 000 visitas por mês para menos de 10 000, apenas no espaço de quatro anos. Os mais de 200 autocarros de peregrinos que chegavam ao local não chegam hoje a uma dúzia, levando a uma migração em massa dos cristãos, que eram metade da população da cidade no ano 2000. O Cardeal Bertone explicou aos jornalistas que foi transmitido às autoridades palestinianas o desejo de que as comunidades cristãs “sejam ajudadas e protegidas para impedir o seu êxodo”, lembrando que “a Terra Santa é a terra das origens cristãs”. Neste contexto, sublinhou o papel social da Igreja, referindo que 95% dos alunos das escolas católicos são muçulmanos. Esta foi a segunda vez que Mahmoud Abbas se encontrou com o Papa. Em Dezembro de 2005 convidou-o a visitar os Lugares Santos e, simbolicamente, ofereceu-lhe um passaporte palestiniano.