Papa quer «pessoas que amam» no sacerdócio

Bento XVI citou Leão Tolstoi, São Gregório Magno e São Gregório de Nazianzo para falar do que devem ser os padres e pedir o fim da «sujidade» na sua vida Bento XVI disse esta manhã no Vaticano que o sacerdotes devem ser “pessoas que amam”, para melhor cumprirem a missão que lhes foi confiado, porque sem amor há “escuridão dentro do homem”. Falando na Missa Crismal que celebrou, esta manhã, juntamente com os Cardeais, Bispos e presbíteros presentes em Roma, o Papa disse que o “jugo” de Jesus é “amar com Ele”. “Quanto mais o amamos e com ele nos tornamos pessoas que amam, mais ligeiro se torna o seu jugo, aparentemente pesado”. A homilia papal utilizou citações de Leão Tolstoi, São Gregório Magno e São Gregório de Nazianzo para falar do que devem ser os sacerdotes e pedir o fim da «sujidade» na sua vida “Quando nos aproximaos da Liturgia, para agir na pessoa de Cristo, apercebemo-nos de quanto estamos longe dele, de quanta sujidade existe na nossa vida”, disse Bento XVI. Só o amor de Deus, referiu, “torna imaculadas as nossas vestes sujas”. Nesse sentido, os sacerdotes foram desafiados a perceber que “porque o amor de Jesus é maior do que os meus pecados, posso representá-lo e ser testemunha da sua luz”. “Peçamos ao Senhor que afaste qualquer hostilidade do nosso íntimo, eliminando qualquer sentimento de autosuficiência e revestindo-nos com as vestes do amor, a fim de que sejamos pessoas luminosas e não pertencentes às trevas”, prosseguiu. De Tolstoi, o Papa citou um pequeno conto de um rei severo que pediu aos seus sacerdotes e sábios que lhe mostrassem Deus para que pudesse vê-lo. Um pastor ofereceu-se para responder à questão e, como solução, disse que Deus trocava de vestes com os humildes. “De facto, o Filho de Deus – Deus verdadeiro de Deus verdadeiro – deixou o seu esplendor divino”, comentou Bento XVI. O Papa desafiou os padres a “revestirem-se de Cristo” e frisou que as vestes litúrgicas são “uma expressão simbólica profunda daquilo que o sacerdócio significa”. Bento XVI explicou que, como no Baptismo nos é dada uma veste nova, uma permuta de destino, uma nova condição existencial com Cristo, assim também no sacerdócio se realiza uma mudança, uma troca. Na administração dos sacramentos, o sacerdote age e fala “in persona Christi”, não se representa a si próprio e não fala exprimindo-se a si mesmo, mas fala por Outro – por Cristo. “Agora que nos dispomos à celebração da Missa – recordou o Papa – deveríamos perguntar-nos se revestimos a veste do amor”. “É de Cristo que devemos aprender a mansidão e a humildade, a humildade de Deus que se mostra no seu ser homem”, concluiu Bento XVI.

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