Francisco apela ao «diálogo baseado na verdade» num país dividido após as últimas eleições presidenciais
Cidade do Vaticano, 21 abr 2013 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje ao diálogo na Venezuela, mostrando a sua preocupação com os episódios de violência surgidos após as eleições presidenciais do último dia 14, com uma vitória de Nicolás Maduro contestada pela oposição.
“Sigo com atenção os acontecimentos que se estão a verificar na Venezuela. Acompanha-os com viva preocupação, com intensa oração e com a esperança de que se procurem e encontrem caminhos justos e pacíficos para superar o momento de grave dificuldade que o país está a atravessar”, disse Francisco, após a recitação da oração do ‘Regina Caeli’, perante milhares de pessoas na Praça de São Pedro.
A Igreja Católica na Venezuela ofereceu-se para mediar o diálogo entre o presidente Maduro e a oposição, liderada por Henrique Capriles, o qual classifica como “ilegítimo” o sucessor de Hugo Chávez por entender que houve irregularidades no processo eleitoral.
“Convido o querido povo venezuelano, de modo particular os responsáveis institucionais e políticos, a rejeitar com firmeza qualquer tipo de violência e a estabelecer um diálogo baseado na verdade, no mútuo reconhecimento, na busca do bem comum e no amor pela nação”, disse Francisco, primeiro Papa sul-americano da história da Igreja Católica.
Nicolás Maduro foi investido esta sexta-feira como novo presidente da Venezuela após prestar juramento perante o Parlamento em Caracas.
O Papa pediu aos católicos para “rezar e trabalhar pela reconciliação e a paz” numa “oração cheia de esperança pela Venezuela”, que colocou sob a proteção da padroeira do país, a Virgem de Coromoto.
A presidência da Conferência Episcopal da Venezuela manifestou em comunicado o seu apoio a uma recontagem dos votos das eleições presidenciais para devolver a “paz social”.
“A oposição solicitou ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) uma auditoria de cem por cento dos votos”, recordam os bispos.
As eleições presidenciais deram a vitória a Maduro, com 50,75% dos votos, seguido pelo candidato Henrique Capriles, com 48,98%, segundo dados do CNE.
A diferença inferior a dois pontos percentuais levou Capriles a exigir uma recontagem voto a voto, tendo posteriormente o líder da oposição admitido uma “auditoria” que se estende a 46% das urnas.
A vice-presidente do CNE, Sandra Oblitas, disse este sábado, no entanto, que os resultados são “irreversíveis”, independentemente do que vier a a ser apurado na auditoria técnica, frisando que esta não é “uma recontagem de votos”.
As presidenciais foram convocadas após a morte do anterior líder da Venezuela, Hugo Chávez, falecido a 5 de março.
OC