Quando era Cardeal, Bento XVI pensou em excluir do seu livro “O espírito da liturgia”, de 2000, um capítulo polémico, no qual defende a celebração da Eucaristia de costas para a assembleia. Todavia, após atenta avaliação, desistiu dessa exclusão e estudos sucessivos demonstraram que o Papa fez bem em manter o capítulo, porque a ideia de base era correcta. O episódio é narrado pelo próprio, na introdução ao primeiro volume da colectânea de todo os seus escritos, Opera Omnia, apresentada esta Quarta-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé. Na obra “O espírito da liturgia”, o então Cardeal Joseph Ratzinger abordava, entre outras coisas, a questão da orientação do altar, e afirmava que era melhor o sacerdote estar de costas para assembleia dos fiéis, posição que lhe valeu várias críticas. Diante da polémica, o Papa conta que pensou seriamente excluir essa parte do texto, a fim de que pudesse vir à tona o autêntico tema do livro. Estudos sucessivos, realizados pelos teólogos Lang e Heid, demonstraram “que as ideias de fundo eram correctas, ou seja, que a ideia de que os sacerdotes e fiéis devam se olhar de frente durante as preces, inovação introduzida pelo Concílio Vaticano II, não existia nas antigas comunidades cristãs”. (Com Rádio Vaticano)