Papa pede Justiça de rosto humano

Francisco recebeu membros do Tribunal da Rota Romana, entre eles o recém-nomeado sacerdote português, padre Saturino da Costa Gomes

Cidade do Vaticano, 24 jan 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje no Vaticano que a justiça da Igreja Católica deve ter uma abordagem humana, centrada em cada pessoa, evitando a perspetiva “legalista e abstrata”

“Ao desempenhardes o trabalho judicial, não esqueçais que sois pastores. Por detrás de cada prática, cada posição, casa causa, há pessoas que esperam justiça”, disse, durante a audiência anual aos membros da Rota Romana, entre eles o religioso português Manuel Saturino da Costa Gomes, nomeado esta quinta-feira para o cargo de prelado auditor e que hoje tomou posse.

A Rota Romana é o tribunal ordinário da Santa Sé para julgar processos de apelo (segunda instância) ao Papa; julga também em terceira e última instância as causas julgadas por ele próprio e por outros tribunais eclesiásticos.

A instituição tem ainda a seu cargo o julgamento de causas reservadas ao Romano Pontífice (Papa), relativas a chefes de Estado, cardeais, bispos, dioceses e outras pessoas jurídicas.

No primeiro encontro com estes responsáveis por ocasião da inauguração do ano judicial, o Papa destacou que não existe “oposição” entre a “dimensão jurídica e a dimensão pastoral” na ação da Igreja Católica.

“A atividade judicial eclesial, que se configura como serviço à verdade na justiça, tem uma conotação profundamente pastoral, porque se destina à prossecução do bem dos fiéis e à edificação da comunidade cristã”, precisou.

O discurso aludiu a uma “ação delicada” que exige “equidistância imperturbável e imparcial”.

Francisco afirmou, a este respeito, que os juízes da Rota Romana oferecem um “contributo competente” para enfrentar “temáticas pastorais emergentes”.

“Ao juiz é pedida uma maturidade humana que se exprime na serenidade do juízo e no distanciamento de opiniões pessoais”, precisou.

Nesse contexto, o Papa sublinhou que não basta ter um “conhecimento superficial” das pessoas que esperam por justiça, mas deve entrar-se em “profundidade na situação das partes em causa”.

A ação judicial, acrescentou, tem como objetivo “tutelar a verdade, no respeito pela lei” e para lá dos requisitos de “doutrina jurídica e teológica”, exige “a delicadeza e humanidade próprias do pastor de almas”.

OC

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Agência ECCLESIA

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