Papa pede Igreja empenhada na Missão

“Santidade e missionariedade da Igreja são duas faces da mesma medalha”, pois “só na medida em que é santa, isto é, cheia do amor divino, é que a Igreja pode cumprir a sua missão”: esta a mensagem deixada por Bento XVI à diocese de Brindisi, na missa celebrada este Domingo de manhã, na zona do porto desta cidade do sudeste da Itália. “Um lugar simbólico, o porto, que evoca as viagens missionárias de Pedro e de Paulo”, observou o Papa, logo no início da homilia, saudando todos os presentes, nomeadamente o Metropolita Gennadios, aproveitando a enviar assim uma “cordial saudação” a “todos os irmãos Ortodoxos e das outras Confissões, a partir desta Igreja de Brindisi, a qual (disse) pela sua vocação ecuménica nos convida a rezar e a empenhar-nos pela plena unidade de todos os cristãos”. Comentando as leituras deste Domingo, Bento XVI fez notar que nelas “se apresenta a constituição da Igreja”, interrogando-se: “Como não sentir aqui o convite implícito, dirigido a cada Comunidade, para que se renove na própria vocação e no impulso missionário”. Esta mensagem é transmitida no Evangelho com “estilo inconfundível de Jesus: o estilo característico de Deus, que ama realizar as maiores coisas de modo pobre e humilde”. “A solenidade das narrações da aliança do Livro do Êxodo (observou o Papa) dá lugar nos Evangelhos a gestos humildes e discretos, mas com enorme potencialidade de renovação. É a lógica do Reino de Deus, representada pela pequena semente que se torna uma grande árvore. O Pacto do Sinai é acompanhado de sinais cósmicos que aterram os Israelitas; os inícios da Igreja na Galileia reflectem antes a mansidão e compaixão do coração de Cristo, preanunciando contudo uma outra luta, um outro abalo suscitado pelas potências do mal”. “Como Cristo e juntamente com Ele, a Igreja é chamada e enviada a instaurar o Reino da vida e a expulsar o domínio da morte, para que triunfe no mundo a vida de Deus. Para que triunfe Deus, que é Amor”, afirmou. “É este o projecto de Deus: difundir sobre a humanidade e sobre todo o cosmos o seu amor gerador da vida. Um projecto que contudo o Senhor não quer pôr em prática sem a nossa liberdade, porque o amor por sua natureza não se pode impor. A igreja é, assim, em Cristo, o espaço de acolhimento e de mediação do amor de Deus”, precisou o Papa. “Nesta perspectiva vê-se claramente que a santidade e a missionariedade da Igreja constituem duas faces da mesma medalha: só enquanto santa, isto é, plena de amor divino, a Igreja pode realizar a sua missão, e foi precisamente em função dessa tarefa que Deus a escolheu e santificou como sua propriedade”, disse ainda. Clarificando melhor o sentido deste “binómio santidade-missão”, Bento XVI fez notar que “os doze Apóstolos não eram homens perfeitos, escolhidos pela sua irrepreensibilidade moral e religiosa”. Eram sem dúvida gente de fé, cheia de entusiasmo e de zelo, mas marcada por limites humanos, por vezes mesmo graves”. “Jesus não os chamou porque eram já santos, mas para que tal se tornassem. Como nós. Como todos os cristãos. Na segunda Leitura escutámos a síntese do apóstolo Paulo: Deus prova assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. A Igreja é a comunidade dos pecadores que crêem no amor de Deus e se deixam transformar por Ele, e assim se tornam santos e santificam o mundo”. “À luz desta providencial Palavra de Deus tenho a alegria de confirmar hoje o caminho da vossa Igreja” (de Brindisi), “caminho de santidade e de missão” – afirmou o Papa, que observou ainda que o Evangelho deste domingo “sugere o estilo da missão (isto é a atitude interior que se traduz em vida vivida), que não pode deixar de ser o estilo de Jesus: o da compaixão”. Também aqui Bento XVI quis clarificar bem o sentido das palavras: “A compaixão cristã não tem nada que ver com o pietismo, com o assistencialismo. É, isso sim, sinónimo de solidariedade e de partilha, animada pela esperança. Não nasce porventura da esperança a palavra que Jesus diz aos apóstolos: No caminho pregai, anunciando que está perto o Reino dos Céus. Esta esperança assenta na vida de Cristo, e em última análise coincide com a sua Pessoa e o seu mistério de salvação.”

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Agência ECCLESIA

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