Papa pede desarmamento nuclear

Bento XVI quer EUA na linha da frente pela paz, em especial no Médio Oriente, com mais solidariedade e menos armas Bento XVI apelou esta Sexta-feira, no Vaticano, a uma completa eliminação das armas nucleares, considerando que a corrida aos armamentos e o terrorismo ameaçam “o progresso da família humana”. O Papa, que recebia a nova embaixadora dos EUA na Santa Sé, apelou a uma solução para as tensões no Médio Oriente, desejando que a recente conferência de Annapolis seja “o primeiro de uma série de passos rumo a uma paz duradoura na região”. Do discurso papal saiu ainda um apelo a “confiar e comprometer-se” em favor do trabalho desenvolvido pelos organismos internacionais, como a ONU. “A declaração universal dos direitos humanos, da qual celebramos este ano o 60.º aniversário, foi o produto de um reconhecimento a nível mundial do facto de que uma ordem internacional justa não pode deixar de basear-se no reconhecimento e na defesa dos direitos invioláveis de cada homem e mulher”, indicou. Para Bento XVI, a “liderança” dos EUA no seio da comunidade internacional deve guiar-se pelos “princípios da lei moral natural”, no sentido da “solidariedade”, destacando que este país nunca escondeu os valores religiosos que estão na base das suas próprias convicções religiosas. O Papa pediu a redução das despesas militares, em favor de um apoio “mais sólido” às nações pobres, confessando apreciar “os notáveis esforços dos EUA destinados a descobrir meios criativos para aliviar os graves problemas que afligem tantos povos e nações no mundo”. “A construção de um futuro mais seguro para a família humana implica, em primeiro lugar e sobretudo, trabalhar para o desenvolvimento integral dos povos, em particular através de uma adequada assistência sanitária, da eliminação das pandemias como a SIDA, de mais oportunidades de formação para os jovens, da promoção das mulheres e da contenção da corrupção e da militarização”, precisou. Bento XVI afirmou, por outro lado, que a defesa da vida está no “ADN dos EUA”, pedindo esforços contra o aborto e a eutanásia, bem como na defesa “da família fundada no matrimónio entre homem e mulher”. O Papa sublinhou o “histórico apreço” dos norte-americanos pelo papel das religiões nos debates públicos, criticando visões que limitam a “dimensão moral das questões sociais” em nome de uma perspectiva limitada “da vida política e do debate público”. Bento XVI indicou ainda que a Santa Sé “está convencida do grande potencial espirtitual” que representa o diálogo inter-religioso e intercultural, “em particular quando diz respeito à promoção da não violência e à recusa das ideologias que manipulam as religiões para fins políticos e para justificar a violência em nome de Deus”. A nova embaixadora, Mary Ann Glendon, é uma velha conhecida do Papa: especialista em bioética, direito constitucional e direitos humanos foi uma das poucas mulheres com cargos de responsabilidade no Vaticano, tendo sido até há poucos dias presidente da Academia Pontifícia das Ciências Sociais. É ainda membro do Conselho Pontifício para os Leigos Em 1995, liderou a delegação vaticana na conferência de Pequim sobre as mulheres, tornando-se a primeira mulher a ocupar um cargo do tipo à frente da Santa Sé. Glendon é a segunda mulher a ocupar o cargo de embaixador dos EUA no Vaticano, depois de Lindsey Boggs, nos últimos anos de presidência de Bill Clinton.

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Agência ECCLESIA

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