Bento XVI aborda temas da sua nova encíclica para «repensar o desenvolvimento de forma global»
Bento XVI pediu hoje "decisões úteis" aos participantes da cimeira do G8, que decorre na cidade italiana de L'Aquila de 8 a 10 de Julho.
Falando aos peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, do Vaticano, o Papa manifestou a sua esperança de que deste encontro venham a sair "decisões e orientações úteis para o verdadeiro progresso de todos os povos, em especial os mais pobres".
O Papa considerou a reunião do G8 como uma "importante cimeira mundial" e convidou os católicos a "rezar" pelos dirigentes reunidos em L'Aquila.
A audiência geral desta semana foi dedicada por Bento XVI à sua nova encíclica, "Caritas in veritate", defendendo que "é preciso repensar o desenvolvimento de forma global".
Em especial, o Papa disse que a "economia tem necessidade de ética para um funcionamento correcto" e regressou à ideia de uma "Autoridade política mundial, regulada pelo direito, que se funde nos princípios de subsidiariedade e solidariedade, sendo firmemente orientada para a realização do bem comum, no respeito pelas grandes tradições morais e religiosas da humanidade".
A síntese de Bento XVI passou ainda pela necessidade de recuperar "a lógica do dom" e o princípio da gratuidade na economia de mercado, "onde a regra não pode ser apenas o lucro".
Neste sentido, apelou a "economistas e políticos, produtores e consumidores" para um compromisso comum na elaboração de projectos políticos e económicos.
O Papa sublinhou a importância de um "novo estilo de vida por parte de toda a humanidade, em que os deveres de cada um em relação ao ambiente se liguem aos relativos à pessoa considerada em si mesma e em relação aos outros".
"Inscrevendo-se na linha da «Populorum progressio» de Paulo VI, a encíclica oferece orientações para enfrentar as crises que conhecemos", explicou Bento XVI.
Falando em francês, o Papa disse que "a globalização poder ser uma oportunidade para corrigir as disfunções da economia e certos desequilíbrios sociais", mas isso "só poderá acontecer realizando uma profunda renovação cultural e um discernimento responsável das escolhas, em vista do bem comum".
Apesar de admitir que o documento "não propõe soluções", Bento XVI destacou que é preciso "respeitar certos princípios essenciais para construir um verdadeiro desenvolvimento humano", a começar pela luta contra a fome.
Respeito pela vida humana e pela liberdade religiosa foram outros princípios abordados, nas saudações feitas em diversas línguas.
Aos peregrinos portugueses e brasileiros, o Papa pediu que vivam "a caridade na verdade, contribuindo assim para uma real promoção do bem comum. Jesus é o Homem novo que abre as portas para a verdadeira renovação da humanidade".